Transcrevo na íntegra o comentário do cineasta Fonseca e Costa:
Li o seu blog. Atentamente.
Relativamente às suas dúvidas sobre o José Sá Fernandes e ao negócio do
Parque Mayer/Feira Popular, quero dizer-lhe que o Sá Fernandes sempre o
denunciou como sendo ruinoso para a cidade, muito antes de ser
candidato à Presidência da CML nas listas do BE, partido do qual não é
militante . Quando o BE votou favoràvelmente a troca dos terrenos na
Assembleia Municipal ainda o José Sá Fernandes estava longe de saber
que, tempos depois, viria a ser cabeça de lista deste partido como
candidato à Presidência da CML.
O negócio sempre foi considerado por ele como sendo ruinoso para a
cidade, e, como tal, para nós cidadãos de Lisboa, facto que o levou a
instaurar processo na sua qualidade de cidadão defensor acérrimo do
património da cidade.
Ele foi em vários casos o nosso "Robin dos Bosques", como acontece na
defesa que fez em seu nome e no nome de um grupo de cidadãos entre os
quais me incluo, do Convento dos Inglesinhos, caso exemplar de
incumprimento das leis, de desrespeito pelos nossos valores
patrimoniais visto tratar-se de um monumento do século XVIII que vai
ser desfigurado, mutilado e destruido na sua maior parte para
implantação de um condomínio, passando-se tudo num dos bairros
históricos de Lisboa, o Bairro Alto. com o beneplácito do IPPAR, da CML
e seus serviços, na pessoa da “napoleónica” vereadora do urbanismo da
anterior administração autárquica... Para fazer uma ideia da degradação
a que chegaram as nossas instituições, digo-lhe que a juíza que decidiu
contra nós a Providência Cautelar com a qual tentámos suster o que
consideramos um delito deu como não tendo sido provada a existência de
um jardim no Convento dos Inglesinhos. Saibam os cidadãos de Lisboa o
que a dita senhora juíza não quis "ver": o jardim continua vivo,
abandonado mas vivo, tem árvores centenárias, tenho-o fotografado desde
os últimos anos, está construído em patamares segundo um plano de 1856,
sendo contido por um muro cuja autoria é atribuida a um dos
arquitectos do Marquês de Pombal, Carlos Mardel. O projecto aprovado a
favor do grupo Amorim - que comprou o Convento à Misericórdia de
Lisboa há um bom par de anos por uma tuta e meia - prevê a remoção das
terras do jardim e a construção sobre elas de um prédio de três
andares, com dois pisos de garagem no sub-solo mediante o rebentamento
de uma parte do dito muro.
Tudo isto configura um escândalo que começa, aliás, com a alienação
pela Provedoria de então da Misericórdia de Lisboa de um bem que a meu
ver era inalienável. Os bens da Misericórdia não devem ser alienados
sob pena de desacreditarem uma instituição que vive de doações. Mas
onde estão os jornais que tenham contado esta história toda desde o seu
começo, com todos os seus contornos e atropelos, capazes de virem
mostrar o modo como está a ser executada a obra?
E as televisões que lhe venham tirar o retrato ?
E os jornalistas corajosos que contem a história toda e se disponham a
tornar público a destruição que está a ser feita num dos bairros
emblemáticos de Lisboa ?.
A nós, cidadãos vizinhos do Convento dos Inglesinhos, valeu-nos o José
Sá Fernandes.
Não nos cobrou um tostão. Agiu como cidadão de Lisboa e, nessa
qualidade, foi co-autor do processo e advogado.
Percebi que neste país a pior coisa que pode acontecer a um cidadão é
ter razão.
Não deixámos de a ter pelo facto de uma magistrada pusilânime e, pelos
vistos, mal informada, não ter visto num jardim senão os seus sinais de
abandono, ignorando as árvores de grande porte que em breve serão
cortadas, recusando a ver o desenho dos seus patamares, ignorando o
valor patrimonial de uma peça de arquitectura paisagista contida por um
muro de inigualável beleza e que será inevitàvelmente arrastado na
destruição do conjunto.
A tentativa de corrupção do homem da Bragaparques foi testemunhada e
gravada por quem de direito, resta-nos esperar que não aconteça ao
elemento probatório existente aquilo que já várias vezes no passado tem
acontecido, que é a sua deterioração ou o seu desaparecimento nalguma
das instâncias que o processo vai fatalmente percorrer.
Se o senhor Névoa vem dizer ao "Tal e Qual" que o Sá Fernandes lhe
pediu o dinheiro por ele oferecido para comprar a sua renúnicia ao
processo por forma a pagar os custos da sua campanha de candidatura,
posso garantir-lhe que está a mentir com quantos dentes tem na boca,
dentadura postiça incluída !
O negócio foi finalizado pelo Carmona Rodrigues com a colaboração do
senhor Vasco Franco do PS, estando portanto nele comprometido todo o
Bloco Central.
Quanto à acção que o PCP também terá intentado, creio competir ao
Partido tornar públicos os seus termos.
Aos outros, aos que foram e continuam a ser complacentes, direi que
tenham vergonha na cara. JFC.
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