Monday, March 20, 2006

Baixa: já tens Comissariado, vais deixar de ser pombalina, vais deixar de ter menos o quê?

Com este título, eis o que escreve antónio Abreu no seu blog que vale a pena visitar
http://antreu.blogspot.com/

É assim:

Na passada reunião de Câmara, Maria José Nogueira Pinto, fez aprovar com os votos do CDS, PSD e PS um Comissariado, na sua dependência.
Porquê? Para "travar o declínio da Baixa Lisboeta ( a Pombalina ficou no tinteiro...mas presumindo-se, por detrás deste ajuste de contas tardio com o Marquês, que é disso que se está a falar)e zonas confinantes, procedendo a uma grande opreração de revitalização que,a par da sua reabilitação urbana, crie as condições necessárias para o seu repovoamento, fixando população prioritariamente de classe média e jovem e a sua sustentabilidade económica".
Bastaria ler a caracterização do repovoamento para perceber que o que estará em causa é o despovoamento final da população residente reabilitando a preços só comportáveis por uma classe que não será a média.
E nós que pensávamos que os chorudos lucros da banca e a necessidade do Estado ter mais um selo de garantia da UNESCO se traduzisse em rupias e maravedis bastantes (já que Paris só irá fiscalizar o plano de gestão que vier a ser produzido). A sustentabilidade, pelo que se enuncia, será garantida pela expulsão dos actuais residentes e de algumas actividades que se mantiveram, ou cujo espírito por lá ainda se sente.
É o ferir de morte o próprio conceito de reabilitação urbana no centro do qual estão as pessoas.
Para isso se somou à recem criada SRU que por sua vez tinha tido uma relação saprófita com a Unidade de Projecto da Baixa-Chiado, desajudando no conjunto o combate ao deficite com maislugares,que poderiam ser ocupados por técnicos capazes e que a CML ainda tem no seu seio.
A proposta visava ainda criar a multidisciplinaridade necessária...Mas, não foi esta maioria que acabou com essa multidisciplinaridade, coarctando as unidades de projecto (ex-gabinetes locais)de boa parte das suas competências?
Atribui ao Comissariado a tarefa de em seis meses elaborar um plano estratégico de intervenção nas várias vertentes das intenções proclamadas. O plano, neste tempo, arrisca a ser um parafrasear, resumido, de trabalhos feitos por técnicos da CML nos últimos dez anos mas que ainda têm necessidade de muitos estudos, ensaios, campanhas, para daí nascer um verdadeiro plano esttatégico. Pelo sim pelo não diz a proposta que o Comissariado viverá o tempo necessário para acompanhar a execução desse plano...Terá pois uma longevidade assegurada. Porque os tempos evoluíram talvez menos que os cerca de cem anos que durou o erigir a Baixa Pombalina em cima do aterro dos destroços do terramoto.

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