Thursday, March 30, 2006

Que chatice... E agora se não dou resposta?

A estas horas, o vereador do Ambiente da CML deve estar arrependidíssimo de ter criado um blog com direito a comentário.
É que, se não dá resposta no terreno, está feito ao bife.
Seguem alguns exemplos de comentários sem resposta nem verbal nem factual.

Diz um:
Gostaria de saber se os sessenta automóveis que estão parqueados dentro da ala norte do jardim do Campo Pequeno, usando canteiros e arruamentos também são alguma plantação vossa para protecção de espécies em perigo de extinção...É escandaloso que quer as autoridades camarárias, quer as políciais sejam indiferentes a esta situação. Ainda ontem a 17ª Esquadra foi alertada para este facto e nada fez.Provavelmente a sua intervenção seria bem mais eficiente, utilizando aquela polícia chamada Municipal, praticamente desaparecida do mapa - falta de efectivos?Agradeço pois a sua acção no sentido de que o tão falado parque subterrâneo do Campo Pequeno não passe dum jardim cheio de carros, pela absoluta e despudorada indiferença das autoridades competentes e avisadas para evitar esta escandalosa situação.

Outro:
Para "apalpar terreno", gostava de saber se a CML tem algum projecto para o pequenino Jardim Cesário Verde (à Estefânia) que tão maltratado está desde que vândalos (ou drogados) se apoderaram dele, destruindo-o quase por completo. O pobre homem que dia-a-dia vai fazendo o seu melhor ao serviço duma empresa sub-contratada pela Câmara, nada pode fazer. Era preciso agir, eventualmente com apoio de vigilância policial que há muito tempo deixou de existir. Agradeço me digam qualquer coisa, nem que seja, que nada podem fazer.

E outro:
Soube agora que corre nos meus jornalísticos "não sei se é verdade ou mentira" que existe mesmo desmentida pelo Sr. Vereador uma vontade de "limpar" todas as chefias. Uma situação que urge esclarecer perante os órgãos de informação antes que os outros partidos comecem a falar de preenchimento de lugares para afilhados pondo em causa a sua imagem e levando o próprio Presidente a uma situação bastante desagradável.

Mais:
Gostaria de alertar para a necessidade de ser construído um passeio ao longo da avenida de Praga (também conhecida por envolvente de Carnide) entre o empreendimento Parque Colombo e passeio do Pólo Tecnológico de Lisboa, (freguesia de Carnide) passando pelos semáforos frente à Renault Telheiras. Também gostaria de salientar que os (poucos) passeios existentes na mesma artéria necessitam de uma manutenção mais cuidada – limpeza e corte das ervas.

E:
Queria chamar a atenção para a situação existente junto à Gare do Oriente: o talude anexo à Gare tem uma Rua com um troço sem saída (no verão de 2005 caiu uma viatura ligeira do cimo do talude, rua Conselheiro Lopo Vaz - sem passeio de um dos lados, com estacionamento não ordenado, iluminação pública insuficiente, e suportada em postes da EDP (os cabos de distribuição de energia são aéreos) todos os moradores da zona são contribuintes de Lisboa e pedem a sua melhor atenção para este pedaço de cidade.

Arco do Cego: Jardim prometido vira parque de estacionamento?

Eis a saborosamente bem escrita carta de alarme e de raiva:
Durante mais de 20 anos fui morador no Bairro Social do Arco do Cego (para ser mais preciso, entre os meus 4 e os meus 27 anos). A minha memória pessoal está pois abundantemente povoada de momentos passados no cenário do Arco do Cego e suas imediações. Ontem, sábado 25 de Março, saído do Saldanha Residence (onde acabara de ver o Coisa Ruim), dirigia-me eu, levado pelas exigências do estômago, a casa dos meus pais, ali junto ao Liceu D. Filipa de Lencastre. Ao chegar à Av. João Crisóstomo, decidi espreitar os avanços das obras no ainda incompleto Jardim do Arco do Cego. É que uns dias antes apercebera-me de que havia azáfama, máquinas em manobras, gente em movimento, açodada. Pensei: finalmente vai ser concluída a 2ª fase do jardim, talvez para estar pronta no Verão. A 1ª fase, já terminada (claro que com enorme atraso em relação ao inicialmente previsto), inclui um grande relvado central, árvores plantadas (excepto a grande palmeira, felizmente preservada), percursos pedonais e mobiliário urbano (ou seja, bancos). Que diferença em relação aos tempos da central dos autocarros!Maior ainda a diferença quando a 2ª fase fosse levada avante. Qual o projecto, anunciado e prometido publicamente? Como o Senhor Vereador sabe, o objectivo era «transformar a estrutura original da Gare do final do século XIX em jardim coberto, com vegetação exótica, plano de água, percursos, espaços comerciais e culturais». É isso que consta, textualmente, no projecto aprovado pela Câmara.Decidi espreitar, dizia, convencido que era isso que estaria a ser feito, que era esse o intuito e o motor de toda aquela agitação laboriosa. Subi uma rampa, pela entrada da João Crisóstomo e... papagaio! Um parque de estacionamento! Tudo alcatroado, de ponta a ponta, uma planura de alcatrão com marcações a tinta amarela, dezenas, centenas de lugares para automóveis. Nas últimas eleições, senhor Vereador, votei em si, votei no Bloco de Esquerda. Pergunto-lhe: que raio aconteceu ao Jardim Coberto do Arco do Cego?

Renault e Galp marimbam-se. E o cidadão????

Mário Abreu conta-nos outra saga. Desta vez mete a Renault. Mas mete também a Galp: a Renault acusa que o gasóleo (GALP) é de má qualidade.
(Registo que MA autorizou a divulgação dos seus dados pessoais.)

Não tenho o prazer de o conhecer e só lhe escrevo para lhe demonstrar a minha solidariedade e lhe desejar muito boa sorte junto da DECO, não lhe perspectivando grandes êxitos.
Quando temos azares com tubarões …
Quando não tiver nada que fazer ou estiver com insónias convido-o a ir até ao meu blog
http://www.renaultalert.blogspot.com/
e ler a minha história.
Em 2 palavras, juntei as minhas economias para comprar um carro caro, uma Renault Espace, confiante que ia ter carro quase para o resto da minha vida e em 4 anos e em 60.000 Km fiquei com 6 programas de férias completamente destruídos e apanhei alguns sustos na estrada (felizmente sem consequências físicas) por causa de avarias sistemáticas na válvula EGR que, quando menos se espera, faz uma grande fumarada e tira completamente a potência ao motor.
Isto é nitidamente um defeito de fabrico dos motores dCi que a Renault não quer admitir, nem assumir responsabilidades.
Conheço n casos e há inclusivamente um grupo internacional de perto de 50 lesados que estamos a pensar levar o caso a tribunal.
Mas estamos a falar dum monstro chamado Renault e eu sou um ilustre desconhecido (leia-se um reles engenheiro) chamado Mário Abreu que se for para a frente vai gastar dinheiro, não tem garantias de ganhar e tem como perspectiva esperar 4 ou 5 anos para ver o assunto em tribunal, e o que valerá o carro nessa altura?
A minha última panne foi no princípio de Agosto, altura em que imobilizei o carro não estando definitivamente disposto a andar mais com ele para não pôr em risco a minha vida, dos meus familiares e/ou de terceiros.
Só na semana anterior ao Natal recebi resposta, negativa já se vê, depois de ter escrito alguma dúzia de reclamações por toda a hierarquia Renault até chegar ao próprio Presidente.
A Renault limita-se a oferecer-me muito abaixo do próprio valor comercial do carrinho, que está novo e é de garagem e por troca na compra de outro Renault.
É ridículo.
Já agora a Renault disse-me, mas nunca o escreveu, que uma das causas seria o uso de gasóleo ordinário. Não faz obviamente qualquer sentido mas já agora sempre usei, em exclusividade, gasóleo GALP.
Escrevi às revistas de automobilismo pedindo ajuda e divulgação e nem uma palavra, já se percebendo porquê, estes lobbies … e os anúncios …
Escrevi à APCER, a empresa que certifica a Renault em qualidade e até ver, nada.
Enquanto associado recorri à DECO a pedir ajuda, considerando inclusivamente que isto é um caso de interesse público porque pode acontecer a qualquer proprietário de um diesel dCi da Renault, pondo vidas em perigo, e a brilhante resposta que recebi foi para consultar um advogado mas … ou seja, passe muito bem porque daqui não leva nada.
Tinha pensado fazer a revisão dos 60.000 Km fora da Renault e para o efeito tinha comprado na própria marca o óleo que recomendam e o filtro de óleo.
No entanto, para não dar desculpas que o carro não foi assistido a tempo e horas nos concessionários da Renault, apesar de não querer andar mais com ele, resolvi levá-lo no dia 7 para a referida revisão.
Acredite ou não o Concessionário recusou-se a utilizar para o efeito o filtro e o óleo que eu tinha previamente comprado na própria marca.
Mandei avançar à mesma e pedi para me facturarem a limpeza da válvula EGR à parte e consultarem a Renault Portuguesa, no sentido de se manifestarem, com base no histórico do meu caso e do contencioso em curso, se pretendiam ou não suportar ou comparticipar nos custos dessa reparação.
O Concessionário recusou fazê-lo e fi-lo eu próprio por fax com cópia para o dito.
Desde o dia 8 de Março que o carro está pronto e que me espera uma conta em princípio superior a 600 Euros, estamos a 30 de Março, o carro dorme ao sol e à chuva no Parque a descoberto da Vesauto/Belas (condições em que nunca esteve) e a Renault ainda não se dignou a responder nem à minha solicitação nem aos telefonemas posteriores do próprio Concessionário.
Portanto, meu caro sofredor, neste país, se quiser fazer justiça, tem de ser à sua própria custa pois ninguém o ajudará e se precisar do seu vencimento para comer, …está muito lixado.
Se precisar dum exemplo duma Empresa certificada com péssimo serviço, não reconhecendo ou camuflando premeditadamente defeitos de fabrico, falta de responsabilidade e desprezo pelo cliente, assim como de falta de justiça e de apoio dos media e de Organismos que deveriam ter por missão dá-lo, conte comigo que talvez lhe consiga dar mais alguns.
Se encontrar alguma alma caridosa que o ajude a fazer justiça no seu caso concreto, já agora faça o favor de lhe contar também este meu caso e/ou de lhe dar o endereço do meu blog supracitado, pois estou pessoalmente convencido que imensos portugueses já tiveram este problema na EGR e não estando devidamente alertados, limitaram-se a pagar a sua reparação, quissá assustados com o que poderiam pensar à priori ser um problema mecânico muito grave, até a ficarem aliviados com uma conta moderada, ficando até muito reconhecidos à Marca pela prestação daquele excelente serviço, estando contudo sujeitos a que isso se repita a qualquer momento (por exemplo numa ultrapassagem apertada).
E quantos mais se consciencializarem disto e se identificarem como tal maior será a força e a razão.
Quem me dera ter acesso a uma base de dados de clientes Renault Espace ou de outros modelos com motores diesel dCi, para os contactar e saber quantos não sofreram já deste problema.
Cordiais e solidárias saudações,
Ah!, e boa sorte com a DECO.
Mário Abreu
renblog@sapo.pt

Wednesday, March 29, 2006

Contas da CML de 2005

Ena! Eis o que o PCP pensa desta matéria (deixo de lado muitas outras considerações feitas. Concentro-me apenas nestes items):

RELATÓRIO E CONTAS 2005

1. Comportamento das receitas.
Para as taxas de execução referidas no Relatório e Contas contribuiram decisivamente as receitas correntes do município (480,7 milhões de euros, mais 66 milhões do que arrecadado em 2004).
Dentro destas, merece especial destaque os Impostos (com um aumento de 40 milhões de euros face a 2004) e dentro destes o IMI+Contribuição Autárquica com 80,7 milhões (mais 13,8 milhões do que em 2004) e o IMT+Sisa com 131,6 milhões de euros (+47 milhões do que em 2004). A Derrama, fruto do ciclo económico negativo sofreu uma diminuição de 21 milhões face a 2004.
Também as Taxas, Multas e Outras Penalidades tiveram um comportamento muito positivo e totalizaram 63,8 milhões (mais 12 milhões do que 2004). Nestas, merece especial destaque os valores relativos à TRIU (30 Milhões), e à taxa de Conservação de Esgotos (20,7 milhões). No entanto, os valores relativos ás receitas por cobrar no que toca a este grande agregado são elevadíssimos e mereceriam um explicação mais detalhadas. Falamos de 81 milhões de euros dos quais 26 milhões dizem respeito á TRIU, 28 milhões á ocupação do Espaço público e 20 milhões à taxa de Conservação de Esgotos. Em 2004 as receitas por cobrar relativas a este agregado ascendiam a 63,3 milhões de euros.
Também a Venda de Bens de Investimento teve um comportamento bastante positivo, embora a sua taxa de execução tenha sido de apenas 51%, pelas razões do empolamento orçamental que já expliquei. Totalizaram cerca de 150 milhões de euros. As principais rubricas que contribuíram para este valor foi a venda de terrenos (116 milhões de euros) e a venda de habitações (33,6 milhões de euros) De realçar que na venda de terrenos 62 milhões dizem respeito à venda dos terrenos de Entrecampos à BragaParques.

2. Capitações
Cada vez mais a máquina é alimentada pelos contribuintes e cada vez menos eles se vêm recompensados por isso. Os seguintes rácios evidenciam bem esta questão:
- Impostos cobrados/munícipes – 540€ em 2005, 470€ em 2004, 427€ em 2003
- Aquisição de bens e Serviços/munícipe – 168€ em 2005, 112€ em 2004, 148€ em 2003
- Investimento realizado/munícipe – 250€ em 2005, 173 € em 2004, 334€ em 2003, 302€ em 2002
- Despesas de Funcionamento/população de Lisboa – 537€ em 2005, 498€ em 2004, 528€ em 2003, 484€ em 2003.

Outra questão que ressalta deste relatório é o peso decrescente das despesas de Investimento no Plano de Actividades:
2002- 60,6%
2003- 64,9%
2004- 48%
2005- 50,4%

A responsabilidade não morre solteira

Veja a grande confusão que foi o mandato célebre de Santana Lopes na CML...
É este o texto do PCP:

Carmona Rodrigues e Fontão de Carvalho pretendem nestes documentos
desresponsabilizar-se e indexar os seus insucessos às «peripécias» do
mandato anterior. Pois ambos têm responsabilidade directa em todos os
factos:

• Santana Lopes foi para o Governo em 17 de Julho de 2005. Carmona
Rodrigues volta então para a Câmara e assume a Presidência.
• Em Setembro de 2004 Fontão de Carvalho abandona a oposição e torna-se vereador das Finanças de Carmona Rodrigues. É neste contexto que apresenta com Carmona Rodrigues o Orçamento e as Grandes Opções do Plano 2005, felizmente chumbadas pela AM.
• Em 12 de Março de 2005 Santana Lopes volta à CML e Carmona Rodrigues passa a Vice-presidente da Câmara, cargo que ocupou até 7 de Setembro de 2005, altura em que renunciou ao mandato.
• De 7 em Setembro em diante, Carmona Rodrigues exerceu a presidência da CML.
• A 9 de Outubro é eleito Presidente e a 28 de Outubro tomou posse, juntamente com todo o seu executivo, incluindo Fontão de Carvalho.

A realidade não podia ser mais clara: Carmona Rodrigues e Fontão de Carvalho, nem como toda a equipa agora em funções tiveram e têm toda a culpa da situação que a CML atravessa.

Monday, March 27, 2006

Casinos

Eis a peça de Ana Henriques ('Público') sobre casinos nos anos 20:

A cidade que apostava tudo em noites polvilhadas a coca

Lisboa já foi uma cidade de jogo. Estava-se na década de 20 do século passado quando entre os Restauradores, o Rossio e o Chiado floresceram os clubes nocturnos - uma novidade feita de champanhe, cocaína, bandas de jazz e muito jogo clandestino, que veio tirar a capital da sua ancestral modorra.
Enquanto os operários continuavam a passar fome e a viver em condições miseráveis surgia uma nova classe ansiosa de esbanjar o que não lhe tinha custado a ganhar: os novos-ricos, gente que havia enriquecido por altura da I Guerra Mundial com negócios obscuros. Foi para esta burguesia que surgiram os clubes, como marca de um cosmopolitismo até aí quase inexistente. Júlia Leitão de Barros, no livro Os nightclubs de Lisboa dos anos 20, fornece um retrato minucioso destes locais onde se dançava foxtrot madrugada fora e se apostava até ainda mais tarde. "O jogo contribuía, de forma decisiva, para tornar o clube nocturno num local ambivalente: centro de luxo e de marginalidade civilizada", descreve. Alguns ocuparam palácios inteiros. Um dos mais chiques, o Maxim"s, instalou-se no Palácio Foz, nos Restauradores, o Avenida Parque no Parque Mayer, na Av. da Liberdade. Da decoração do primeiro, que tinha paredes forradas a talha, faziam parte telas de Columbano e de Malhoa. No palácio que alberga hoje a Casa do Alentejo, na rua do Coliseu, funcionou o Majestic. O olisipógrafo Appio Sottomayor conta, num artigo de A Capital, que datam dessa época as partes mais notáveis do edifício decorado em estilo neo-mourisco, que ainda hoje existem.
Os clubes rivalizavam entre si na criação de ambientes de luxo oitocentista, em que bandas de jazz alternam com espectáculos de variedades. Nessa altura, e segundo a obra Decadência e Queda da República Portuguesa, de António Telo, haveria mais de 20 mil prostitutas na capital. As que subiam o suficiente na vida - ou desciam, consoante o caso - tornavam-se papillons, que era o nome dado às que, como refere Júlia Leitão de Barros, procuravam restituir ao clube o que o jogador ganhava durante a noite, incentivando-o a gastar mais e mais. Muitas tinham caído na prostituição por via das drogas. O uso de estupefacientes entrou na moda nos loucos anos 20. O escritor Augusto Navarro contou num dos seus livros que se fumavam cigarrilhas de ópio de mel. Terá sido num destes clubes que, por volta de 1915, terá surgido a primeira retalhista de cocaína, uma mulher francesa. A facilidade com que se acedia à droga maldita dentro dos clubes levou as autoridades a elaborar em 1926 uma lista de viciados que afixaram à porta destes estabelecimentos, para proibir a sua entrada. Cenas de tiros nos clubes não eram inéditas, tal como não o eram as incursões policiais nos seus discretos salões de jogo. Mas tudo estava preparado para receber as autoridades. Nas suas memórias, citadas por Júlia Leitão de Barros, o chefe de polícia Pereira Santos explica como, em poucos segundos, uma sala de roleta se transformava, por via de habilidosos artifícios, "num animado e inofensivo dancing a que não faltava sequer uma orquestra, executando estrondosamente um tango".
Apesar de todas as proibições, o jogo florescia como nunca, como atesta um relato do director da Repartição de Turismo da época citado pela mesma autora: "Montaram-se casinos sumptuosos onde se perdiam fortunas ao jogo". Em 1918, o jornal A Capital estimava que houvessem só em Lisboa quatro mil pessoas empregadas no jogo.
Um vereador da Câmara de Lisboa chegou a sugerir que todas as casas onde funcionassem roletas fossem "expropriadas por utilidade pública" e transformadas em "moradia de família, sede de sociedades de instrução ou repartições públicas". Foi em 1919, mas o autarca teria de esperar quase uma década para ver os night clubs sucumbirem às novas leis do jogo. No final da década muitos clubes fecharam as suas portas para não mais as abrir, como que num prenúncio da noite salazarista que não tardava começar a cair sobre Portugal.

Friday, March 24, 2006

Escola de Xabregas da Casa Pia ameaçada de encerramento

Leia o artigo de Gina Pereira, no 'JN' de hoje
(
http://jn.sapo.pt/2006/03/24/sul/pais_e_alunos_contra_fecho_escola.html
) e veja o que a Lusa divulgou sobre o mesmo assunto:
«Mais de 50 encarregados de educação e alunos do Colégio Santa Clara, da Casa Pia de Lisboa, protestaram hoje contra o anunciado encerramento da escola e a transferência dos estudantes para outros colégios, que alegam não ter condições.
A direcção do Colégio de Santa Clara, junto ao Panteão Nacional, informou os pais na semana passada da intenção da Casa Pia de fechar o estabelecimento de ensino no final deste ano lectivo e transferir os cerca de 350 alunos para outros colégios da instituição, nomeadamente o Colégio Maria Pia, em Xabregas.
De acordo com representantes dos encarregados de educação, os motivos invocados para o encerramento prendem-se com a reestruturação da Casa Pia, que pretende rentabilizar recursos e tem um plano de fechar cursos do ensino regular, e com questões de segurança, que os pais afirmam não compreender.
"Dizem que há questões de segurança pelo facto de a escola ser perto da Feira da Ladra, mas isso não faz sentido, uma vez que a Feira da Ladra sempre se realizou. Não há razões lógicas para fechar e só nos apresentam motivos parvos e sem nexo", afirmou à agência Lusa Maria Isabel Silva, mãe de uma aluna do primeiro ano.
De acordo com os encarregados de educação, o Colégio Maria Pia, frequentado por cerca de 600 estudantes, não tem condições para receber os 350 alunos que frequentam actualmente o Colégio de Santa Clara.
"O [Colégio] Maria Pia é muito grande, mas não tem funcionários suficientes para receber mais estes alunos. Além disso, não tem condições de segurança porque há muitos toxicodependentes na zona", disse Dora Abreu, representante dos pais.
Os pais dos alunos já apelaram à Assembleia Municipal de Lisboa e à Câmara, em sessão realizada terça-feira, para intervirem junto da Casa Pia no sentido de impedir o encerramento da escola e estão também a elaborar um abaixo-assinado, que conta já com mais de 300 subscritores, para enviar à provedoria da instituição e aos ministérios da Segurança Social e da Educação.
Hoje, também o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL), afecto à Federação Nacional dos Professores (Fenprof), criticou o anunciado encerramento do colégio, onde trabalham cerca de 70 pessoas entre docentes e auxiliares, e a consequente diminuição de postos de trabalho.
O SPGL, à semelhança do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores, afirma estranhar que a Casa Pia de Lisboa não tenha comunicado a intenção de encerrar o colégio nem explicado os moldes em que vai ocorrer o processo de reestruturação nas reuniões tidas com a instituição. "É impossível fazer a reestruturação ostracizando os que vivem e trabalham na Casa Pia, contra os seus direitos e interesses. O secretismo e a imposição, que parecem ter passado a imperar e que apelamos a que sejam ultrapassados, não são decerto o melhor método para enfrentar e resolver os problemas", critica o SPGL, em comunicado hoje divulgado.»

Critérios para apoiar as JF e extinção das SRUs...

Na próxima quarta-feira há sessão pública da CML. Aí, os vereadores do PCP vão apresentar uma proposta sobre o Quadro de Pessoal, que quer resolver uma série de estrangulamentos e de injustiças, e ainda maus duas: uma contendo critérios de apoio às juntas de freguesia e outra propondo a extinção das SRUs.

Extinção das SRUs

As razões da extinção das Sociedades de Reabilitação Urbana são as seguintes:
«Na sequência da proposta do Decreto-Lei n.º 104/2004, de 7 de Maio, se estabeleceu um regime excepcional de reabilitação das zonas urbanas históricas, e das áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística;
No âmbito desse regime foi admitida a possibilidade de criação de Empresas Municipais para a realização dessas tarefas, detendo os Municípios a totalidade do capital social;
Mediante esta faculdade, foi deliberado pela Assembleia Municipal de Lisboa, sob proposta da Câmara, constituir as seguintes empresas municipais: Baixa Pombalina, SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, EM; SRU – Oriental: Sociedade de Reabilitação Urbana EM; Lisboa Ocidental, SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, EM;
A existência destas entidades promoverá uma duplicação de tarefas, com as competências daí inerentes, visto que todas as atribuições destas Empresas Municipais estão conferidas aos serviços municipais nos termos do disposto na Orgânica Municipal publicada na II série do Diário da República pelo Aviso n.º 9769-A/2002, de 23 de Novembro,
A reabilitação urbana deverá continuar a ser atribuição e competência dos serviços municipais e da Câmara Municipal, por:
se tratar da satisfação de uma necessidade pública estratégica e urgente na cidade de Lisboa;
a Câmara ser um órgão eleito directamente pelos cidadãos, não devendo este objectivo ser prosseguido por outras entidades;
Em consequência, determinadas matérias de urbanismo, não devem ser prosseguidas por Sociedades de Reabilitação Urbana tais como, o planeamento, o licenciamento ou autorização de operações urbanísticas, expropriação de imóveis, realojamentos, fiscalização de obras, embargos, despejos, posse administrativa para realização de obras coercivas, entre outras;Nos termos deste diploma os municípios têm a possibilidade de proceder à reabilitação urbana nas áreas históricas e nas áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística, podendo adoptar o regime de procedimentos simplificados instituídos para as “Sociedades de Reabilitação Urbana”, conforme estipula o seu art. 36º»...


Critérios para apoiar as juntas de freguesia

São as seguintes as motivações do PCP para a proposta que faz de estabelecimento de critérios prévios e iguais para todas as juntas de freguesia no âmbito da descentralização de competências: «Considerando que a celebração de Protocolos de Descentralização de Competências entre os Municípios e as Freguesias contribui para a consolidação da democracia participada e, de forma significativa, para a melhoria da qualidade de vida das populações; Considerando que as Leis 159/99, de 14 de Setembro e 169/99 prevêem respectivamente, nos seus artigo 15º e 66º, a delegação de competências das Câmaras Municipais nas Juntas de Freguesia, quer para a realização de investimentos cometidos àquelas, quer para a gestão de equipamentos municipais; Considerando que a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou a proposta 695/2005, a qual delega competências da CML nas Juntas Freguesia; Considerando que os eleitos pelo PCP, na Câmara e Assembleia, se abstiveram na votação da proposta 695/2005, dado que a mesma não enunciava os critérios que levarão à efectiva descentralização de competências; Considerando que se encontra a decorrer o processo de elaboração do Protocolo de Descentralização de Competências nas Juntas de Freguesia e a CML não discutiu quaisquer critérios a aplicar em cada uma das áreas a descentralizar»... segue a proposta...

Pessoa e o resto

Francisco, pessoa

Contradições. E tantas. Algumas que se conhecem. Escapando-se para a futebolite, que se saiba, é garantido que sim, pelo menos algumas.
É que a pessoa que criou de imediato, para si mesmo, na CFP, o blog
http://mundopessoa.blogspot.com/
é a mesma pessoa que, no seu próprio blog, escreveu há uns dias, a propósito de hooligans: «... devia fazer corar de vergonha caso se tratasse de uma coisa séria. Mas não. É futebol. Não lhes retiro uma linha, uma vírgula ou um pigmento de desvergonha. Sou um hooligan.»
(Detesto tudo o que são e tudo o que os rodeia e todo e qualquer defensor dos hooligans e das claques nazis e dos criminosos que estragam o futebol - e isso acontece a vários níveis, diga-se.)

Hooligan

No seu blog
http://origemdasespecies.blogspot.com/
, Francisco José Viegas escreveu assim, há dias:
«Uma explicação desnecessária mas que mesmo assim vale a pena.Uma série de comentários e de mails alertam-me para o carácter amoral, imoral e vergonhoso dos posts deste blog intitulados «O Cantinho do Hooligan». Eu sei. Sei que são amorais, sei que são imorais e que a maior parte deles, não sendo vergonhosa, me devia fazer corar de vergonha caso se tratasse de uma coisa séria. Mas não. É futebol. Não lhes retiro uma linha, uma vírgula ou um pigmento de desvergonha. Sou um hooligan. Interesso-me vagamente pelo 4x4x2 e não posso dizer que pelo 4x3x3 tenha uma paixão de vários anos; o 3x3x4, esse, deixa-me a pingar de comoção, mas só porque serve para contrariar. Rio-me depois de escrever isto. Conheço os alas, o papel do trinco, a beleza do jogo tirado a régua e esquadro, mas nada me deixa mais comovido do que uma jogada bem feita, se for da minha equipa. Também ouvi um cavalheiro que passa por ser o Rui Santos perorar durante 35 exactos minutos sobre questões estratégicas e de «planificação política» acerca de um penalty mal assinalado, de uma coisa que chamam «património do clube» ou de um tornozelo especialmente preparado para levar traulitada. Há mails e posts de outros blogs que referem os meus «cantinho do hooligan» como produto de uma alma perturbada, se se der o caso de eu ter alma, ou de um cérebro desequilibrado, coisa de que eu abdico quando se trata de ver futebol como eu gosto de ver futebol, que é entre gente que dispensa sermões, moralidade a todas as horas do dia e declarações de concordância com Gabriel Alves. Quando eu menciono Gabriel Alves ou Rui Santos, esclareço que não ponho em causa a idoneidade profissional dos cavalheiros enquanto comentadores de futebol, coisa que não me interessa grandemente. Eu sou um hooligan nessa matéria e já vi jogos de futebol entre os Super Dragões, tal como entre o pessoal da Torcida Verde e até à beira dos Diabos Vermelhos -- mas só conheço os hinos dos Super Dragões («ninguém cala a nossa voz» é o melhor, esclareço desde já). Tenho cachecol, cartão, irresponsabilidade reconhecida e várias camisetas do FC Porto. Não estou muito interessado em reconhecer que o João Moutinho é um bom jogador (em momentos de sobriedade absoluta até gosto de Polga, porque era gremista, ou de Liedson e de Carlos Martins e Miguel Garcia) porque isso não faz a minha felicidade -- coisa que já acontece quando um dos meus marca um golo, sejam eles McCarthy, Lucho, Quaresma, Adriano ou Raul Meireles. Mas se me pedirem muito sou capaz de enumerar uma lista de onze bons jogadores da Liga, só contando com o Sporting, o Braga, o Guimarães, o Nacional ou a União de Leiria. Não me interesso pelos limites estritamente legais do jogo da bola. Prefiro que sejam tribunais comuns a julgar aquela gentinha que anda à volta do assunto. Acho que os ábritros não deviam obedecer à Liga nem à FPF. Acho que Scolari é um burro, futebolisticamente falando, mas gostava dele no Grêmio; tal como Mourinho era um chato tremendo antes de ter ido para a União de Leiria e para o FC Porto; o próprio Jardel era genial enquanto estava no FC Porto mas passou a ser um desgraçado de um cearense quando foi para a Turquia e depois se perdeu em Lisboa. Continuo a admirar Jorge Costa.Não se enfureçam nem tentem evangelizar-me, chamar-me à razão, educar-me os modos, civilizar-me, lembrar-me «a beleza eterna do grande futebol» (sim, ela existe em algum lado). Agradeço as lições e os conselhos amigáveis para que recupere a minha sensatez e algum pudor além do sentido de justiça. Mas isto é só futebol. De cada vez que Petit cai rasteirado, de cada vez que Simão falha seja o que for, eu sinto-me mais próximo da felicidade. O mesmo acontece quando a França ou a Itália perdem um jogo. Para mim, Pavão jogava futebol como ninguém. Tenho um poster de Cubillas envelhecido, mas guardado nos meus caixotes. Se insistirem falo de Rolando, de Celso, Eduardo Luís, Madjer, Juary, Gomes, Derlei, Deco e também de Domingos, Jaime Magalhães, Bené, Marco Aurélio, Duda, Teixeira e Teixeirinha, Gabriel, Oliveira, Rolando – a primeira equipa da minha memória, que contracena com outros nomes mágicos de outros tempos: Monteiro da Costa, Pinga, Virgílio, Pedroto, Barrigana, Hernâni, Seninho ou Siska. Mas não é isso que me interessa. O hooligan do «cantinho do hooligan» não se interessa nem por isso. Ele só ri. Mesmo quando perde um jogo, ele ri. E é a vida, assim.»

Wednesday, March 22, 2006

Espaços Verdes

A nomeação intempestiva de uma pessoa com menor currículo para a direcção de um departamento nos Espaços Verdes da CML já teve uma consequência, mesmo que por todos negada: uma baixa nos quadros dirigentes. O digníssimo e super-competente eng. João Tremoceiro, com toda a verticalidade que lhe é reconhecida, disse «não» e demitiu-se. O maior e melhor currículo daquela direcção municipal foi preterido e ultrapassado. A nova responsável, vinda da sensibilização ambiental, não vai ter estrutura nem tem 'ontem' no seu currículo. Mas também ninguém acredita que fosse nomeada por ser familiar de Carmona Rodrigues. Claro que não. Ninguém é ingénuo a esse ponto.

Mercado da Ribeira

O texto que segue chegou-me, como habitualmente, por mail.
Segue tal e qual me foi enviado...

Venha celebrar a chegada da Primavera no nosso espaço, com muita animação, musica, teatro, dança e literatura.
No nosso Bar –café Ribeirarte teremos ao vivo esta semana:
Terça feira – a noite é de jazz. Durante este mês, o quarteto All Jazzada invade os serões das terças feiras com o charme de alguns standards e originais eximiamente interpretados por Paulo Monteiro (bateria), Ricardo Brito na guitarra eléctrica, Rui Cabral ( baixo eléctrico) e Telmo Campos (saxofone).
Quinta feira – duas violas e duas vozes o projecto musical que se apresenta esta noite com versões de musicas tradicionais e populares portuguesas.
Sexta feira - não perca a última apresentação da comédia “Que País é este?” do grupo Cave Dtª a partir das 00.00h. Numa perspectiva humorística são satirizados acontecimentos e personagens do nosso país. Das 23.00h às 00.00h e a partir da 01.00h, é hora de música em português, com Luís Pires (teclados e coros), Vítor Sarmento (viola e voz) e convidados.
Sábado – Pelas 00.00h está em palco também a última apresentação da peça do grupo Farpasteatro “ Eu não sou eu”, espectáculo de poesia dramatizada por Margarida Rodrigues, Natacha Paulino e Paula Antunes. Das 23.00h às 00.00h e a partir da 01.00h, teremos João Queirós que com a sua voz e viola nos canta musicas tradicionais e populares portuguesas.

Na sexta feira dia 24, o nosso Salão Principal recebe o grupo de musica tradicional-folk-rock UXU KALHOS para um concerto / baile. Malhão, viras, corridinhos, círculos, mazurcas, chotiças e muita animação.

No sábado dia 25 também no nosso salão principal decorre um concerto do musico nigeriano de hip-hop ZULE-ZOO. Uma organização da Melodias em Fuga, produções áudio, Lda.

Relembramos que se aproxima a 4ª Edição da Tertúlia de Musica Portuguesa, que se realizará aqui no Mercado da Ribeira, no dia 31 de Março pelas 22.00h. e que conta com as participações do grupo de vozes femininas SEGUE-ME À CAPELA e do grupo de musica portuguesa ERVA DE CHEIRO. Mais informações em

www.espacoribeira.pt
ou no 210 312 600 / 601 (reserva de bilhetes).
Preço dos bilhetes 10 euros Estudantes 5 euros
(os bilhetes incluem o consumo de uma bebida de pressão).

Visite a tradicional Feira do Livro do Mercado da Ribeira até dia 02 de Abril, este ano sob o lema dos “DESCONTOS MÁXIMOS E DOS PREÇOS MINIMOS”, na qual serão expostos milhares de títulos de muitas dezenas de Editores, abarcando todas as temáticas da edição em Portugal. Mais de 50% dos preços dos Livros em Feira, oscilarão entre 1 e 7 euros.
A feira decorre todos os dias das 10.00h às 21.00h.
Diariamente, de 2ª a 6ª feira, das 20 às 21 horas decorrerá a “Hora Mágica dos Livros e dos Descontos” que se traduzirá na concessão de um desconto adicional de 10% a todos os visitantes. Uma organização da Paralivro.


Os Bailes da Ribeira contam com a presença dos seguintes grupos musicais:
Quarta feira - Compacto
Sexta feira- Trio Vitó
Sábado – Clave
Domingo – Ludgero & Sérgio e J&J

Tuesday, March 21, 2006

Notas soltas à terça-feira

Combustíveis

Agora é que vamos mesmo avançar com o Movicomp, ou seja lá qual for a designação do Movimento de Consumidores de Combustíveis de Portugal. Cada vez temos mais conhecimento de casos idênticos. E amanhã toca-lhe a si, já sabe.
Eis o resumo mais recente da saga João Janes / GALP - em carta que endereçou à DECO ontem:

Vivemos sem sombra de dúvidas num país em que os grandes massacram os pequenos e não têm mínima consideração pelo mal que provocam. A Galp acaba de me enviar uma carta onde descartam qualquer responsabilidade no sucedido com o meu carro (água no gasóleo). E como justifica a Galp esta desresponsabilização? Por uma investigação feita internamente! Que raio de investigação é esta quando é feita de forma unilateral? A Galp não se deu ao trabalho de ver e ouvir o outro lado, nomedamente os mecânicos que há mais de um mês tentam resolver o problema resultante da água no combustivel? Não se deram ao trabalho de ir ver a bomba injectora nem verem o gasoleo. Seremos nós todos uma cambada de viagristas que querem enganar a tão prestigiada marca? Será caso único o meu? Que raio de isenção é esta em que a Galp assume uma investigação em que não são mais do juizes em causa própria?
É caso pra dizer que com empresas destas o nosso país vai longe. Quem pode acreditar numa empresa que não assume as suas falhas? Por mim, nunca mais ponho uma gota de combustível na Galp e tudo farei para que esta mensagem passe a toda a gente.
Quanto à Deco, gostaria de saber até que ponto é possível continuar nesta luta já que as grandes empresas quando decidem não assumir os erros e os danos provocados só mesmo nos tribunais é possivel chegar a alguma conclusão positiva.
Fico a aguardar por uma resposta sua. Agradeço-lhe a atenção dispensada

De seguida, enviei a centenas de jornalistas e redacções esta missiva acompanhada do meu resumo, como segue:

MALTA!
O Jão Janes, jornalista da TSF, precisa de apoio de todos.
Está a ser ambarrilado pela GALP.

AGORA É QUE É A DOER. TODOS, MAS TODOS, TEMOS A OBRIGAÇÃO DE APOIAR
ESTE CONSUMIDOR DA GALP ENGANADO PELO EMNPÓRIO DOS COMBUSTÍVEIS QUE É
A GALP.
A HISTÓRIA ESTÁ TODA CONTADA NO BLOG
http://lisboalisboa.blogspot.com
É NO DIA 16 DE MARÇO. VÁ LÁ.

Resumo da história: o João Janes foi à Galp meter gasóleo. Saiu-lhe
agua, que lhe rebentou com o motor. A Galp disse que ia investigar...
ouviu-se a si mesma... e concluiu que a água também é boa para os
motores!!!!!
(É QUE DEPOIS DE ANDAR A ENCANAR A PERNA À RÃ, A GALP VEM AGORA DIZER
QUE NÃO É NADA COM ELA. O JJ RECORRE À DECO, CLARO! MAS TODOS NÃO
SOMOS DE MAIS... HOJE É COM ELE, AMANHÃ É COM UM DE NÓS: ISSO É
GARANTIDO!)
CONTEM A HISTÓRIA DELE NOS VOSSOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO. PRESSIONEM A
GALP. VAMOS FAZER O TAL MOVIMENTO DE DEFESA DOS CONSUMIDORES DE
COMBUSTÍVEIS! A BASE É O BLOG ACIMA REFERIDO. E ESTE E-MAIL. ok?


O fosso

O número de beneficiários da Caixa Geral de Aposentações (CGA) com uma reforma mensal superior a 4000 euros (800 contos) quase triplicou, nos últimos cinco anos, passando dos 1002, em 2000, para os 2681, em 2004. Quanto a valores, a reforma mais alta paga a elementos que desempenharam funções na Administração Pùblica ou enquanto membros do Governo ronda, em 2005, os 7200 euros.
http://www.diariodigital.pt/news.asp?section_id=13&id_news=219955
E há mais.
Os lucros exibidos como troféus pelos bancos portugueses, cada um a mostrar-se mais voraz do que o vizinho, a exibição de carros de alto luxo, ...
E o governo, feliz da vida com o fosso... É surpreendentemente lamentável.

Bloco

Vale de Almeida afastou-se do BE. Desarriscou-se de militante. Sentia-se «preso». Já vinha de trás o descontentamento.
E este episódio vai ter corolários.
Para lá da simpatia pessoal, há a questão política.
Outro exemplo.
Sá Fernandes, de quem Vale de Almeida se afastou na pré-campanha por entender que se tratava de uma candidatura de «federação de descontentes», tinha apoiantes como Ribeiro Telles (PPM) ou António Barreto (PS afastadote da actual conjuntura mas à mama das benesses do poder). Por isso e por muito mais, reticências.

2ª Circular

A ser verdade a suspeita de que alguém tem largado propositadamente gasóleo no asfalto, como hoje de manhã aconteceu já pela segunda ou terceira vez, então a coisa assemelha-se a terrorismo urbano mal disfarçado. De qualquer modo aquele espectáculo de carros destruídos e separador central deslocado pelo embate, é terrível. E produz filas de horas. E isso já aconteceu este mês várias vezes, seja por causa de gasóleo ou não.
A paciência da malta não tem limites?
A PSP e a PJ não investigam?
Umas operações de fiscalização de camiões cisternas e similares seria adequada e cairia bem na opinião pública, além de serem operações indicadas de contra-guerrilha.

«Notícias da Amadora»

Foi nesta instituição que me nasceram os dentes para a escrita. Hoje, corre riscos. Divulgo aqui o Manifesto que acaba de me ser enviado pelo dr. António Filipe, amigo, deputado e Vice-Presidente da Assembleia da República:

Amigos, Amigas
«A luta que o Notícias da Amadora trava, nos tempos recentes, há mais de um ano, não é nem pode ser uma acção que só ao jornal diga respeito. A independência e a autonomia da empresa e do jornal, enquanto garantia da liberdade de imprensa, dizem respeito não só a quem aqui trabalha e aos seus leitores, mas a todas as estruturas da sociedade civil, incluindo partidos e sindicatos.»
Nota Semanal, edição do N.A. de 23 de Fevereiro de 2006

Façam circular este Manifesto. A independência e a existência do Notícias da Amadora dependem da entrada de novos assinantes. A assinatura de cada um e de cada uma fazem a diferença.
Façamos um, dez, cem, mil novos assinantes. Só a convergência de vontades pode suplantar os obstáculos.
Associação dos Amigos do Notícias da Amadora

Monday, March 20, 2006

Baixa: já tens Comissariado, vais deixar de ser pombalina, vais deixar de ter menos o quê?

Com este título, eis o que escreve antónio Abreu no seu blog que vale a pena visitar
http://antreu.blogspot.com/

É assim:

Na passada reunião de Câmara, Maria José Nogueira Pinto, fez aprovar com os votos do CDS, PSD e PS um Comissariado, na sua dependência.
Porquê? Para "travar o declínio da Baixa Lisboeta ( a Pombalina ficou no tinteiro...mas presumindo-se, por detrás deste ajuste de contas tardio com o Marquês, que é disso que se está a falar)e zonas confinantes, procedendo a uma grande opreração de revitalização que,a par da sua reabilitação urbana, crie as condições necessárias para o seu repovoamento, fixando população prioritariamente de classe média e jovem e a sua sustentabilidade económica".
Bastaria ler a caracterização do repovoamento para perceber que o que estará em causa é o despovoamento final da população residente reabilitando a preços só comportáveis por uma classe que não será a média.
E nós que pensávamos que os chorudos lucros da banca e a necessidade do Estado ter mais um selo de garantia da UNESCO se traduzisse em rupias e maravedis bastantes (já que Paris só irá fiscalizar o plano de gestão que vier a ser produzido). A sustentabilidade, pelo que se enuncia, será garantida pela expulsão dos actuais residentes e de algumas actividades que se mantiveram, ou cujo espírito por lá ainda se sente.
É o ferir de morte o próprio conceito de reabilitação urbana no centro do qual estão as pessoas.
Para isso se somou à recem criada SRU que por sua vez tinha tido uma relação saprófita com a Unidade de Projecto da Baixa-Chiado, desajudando no conjunto o combate ao deficite com maislugares,que poderiam ser ocupados por técnicos capazes e que a CML ainda tem no seu seio.
A proposta visava ainda criar a multidisciplinaridade necessária...Mas, não foi esta maioria que acabou com essa multidisciplinaridade, coarctando as unidades de projecto (ex-gabinetes locais)de boa parte das suas competências?
Atribui ao Comissariado a tarefa de em seis meses elaborar um plano estratégico de intervenção nas várias vertentes das intenções proclamadas. O plano, neste tempo, arrisca a ser um parafrasear, resumido, de trabalhos feitos por técnicos da CML nos últimos dez anos mas que ainda têm necessidade de muitos estudos, ensaios, campanhas, para daí nascer um verdadeiro plano esttatégico. Pelo sim pelo não diz a proposta que o Comissariado viverá o tempo necessário para acompanhar a execução desse plano...Terá pois uma longevidade assegurada. Porque os tempos evoluíram talvez menos que os cerca de cem anos que durou o erigir a Baixa Pombalina em cima do aterro dos destroços do terramoto.

Sunday, March 19, 2006

Lisboa, fados vários...

Oyé!

Miguel Coelho é de novo presidente (relegitimado presidente) do PS-Lisboa. Como diz a minha mãe: «Tudo na mesma como a lesma». Não sei se entendem o adágio. A lesma está nele por ser lenta, por mais nada. As mudanças no PS-Lisboa também. Olivais impôs a sua lei. Rosa do Egipto também. Foi uma votação baixinha (62% de votos recolhidos em 35% de militantes que votaram dá qualquer coisa como 22%... Ou seja: 913 votos para Coelho contra 528 em Coutinho.)
Noto que, na descrição que alguém da Concelhia fez aos jornalistas na véspera da votação, foram referidas ‘n’ tendências em presença, agregadas a cada uma das duas candidaturas: Miguel Coelho e Leonor Coutinho. Mas a nenhuma já se deu (a nenhuma já se dá?) a designação de «soaristas». Já os liquidaram? Já passaram à História? Pisgaram-se para outros barcos que agora «estão a dar»?

Oyé! (Versão 2)

Helena Lopes da Costa, toda a gente o sabe, é uma santanista de conversão recente. Antes era duranista. Antes era cavaquista. Agora é outra vez cavaquista. «Morou» no corredor à frente e muito próximo do «meu».
Vi o percurso. Mas ela é sobretudo anti-carmonista, anti-mendista.
Pois bem: Lopes da Costa vai enfrentar António Preto – o homem da mala (lembram-se?) – que continua a liderar eternamente a organização distrital de Lisboa do PSD.
Por isso, para não estragar consensos antes do tempo, esteve calada no Congresso do PSD neste fim-de-semana.

Há ou não há?

Por um lado dizem que Carmona Rodrigues foi a São Paulo ‘com’ a ministra da Cultura para ver bem como está instalado o Museu da Língua Portuguesa hoje inaugurado.
Por outro, dizem que os dois (o autarca e a ministra) vão cooperar para que o Rossio possa ser a Sede de um museu análogo em Portugal.
Mas finalmente a própria ministra diz que nada está em curso.
Complicado?
Ou apenas um problema de «louros»? O Português-língua que se lixe?! O que interessa é mesmo e só a política?

Maria Matos

No fim deste mês, após as obras, o Maria Matos retoma a programação, sob a direcção de Diogo Infante. A Casa Fernando Pessoa vai ter nova orientação pela mão de Francisco José Viegas.
Para quando algo que se pareça com uma política cultural que também abranja o São Jorge, o Teatro Taborda, o São Luís a sério, etc.?
E já agora: para quando algo que se pareça com um rumo para o Pavilhão Carlos Lopes (Pavilhão dos Desportos)?

Por que raio?

Alguém me explica por que raio continua fechada e a degradar-se no Bairro do Armador uma escola infantil de trânsito de ar livre?
De cada vez que se passa ali, é uma dor de alma. Mas não se sabe de ninguém que explique nem de ninguém que tome uma medidazinha simples: pô-la a funcionar. Qualquer dia é arrasada e ali nascerá um novo prédio de apartamentos. Isso é mais do que certo.

Divirta-se!

Eis as ofertas do «lisboalisboa» (sem desprimor para tantas outras iniciativas aí disponíveis):
- Pode um ministério deixar de ser um sítio chato, frio, desumanizado? Pode. Nas Finanças, já isso se faz há muito: exposições de acesso livre. Agora na Economia vai começar tudo com uma exposição de fotos de cinco artistas. Palácio da Horta Seca, ao Camões. Durante a semana, das 5 às 8.
- No Pavilhão da FIL, Parque das Nações: Bienal de Antiguidades. Até dia 26. Ao lado: feira do livro antigo. E ainda uma mostra de automóveis antigos. De segunda a sexta, das 18 às 24; ao fim-de-semana, das 16 às 24.
- Saramago, ópera «Don Giovanni». No São Carlos, em estreia absoluta. Até 24 de Março.

Thursday, March 16, 2006

Descentralização para as juntas de freguesia: coisa séria?

Os eleitos comunistas de todos os órgãos de poder local da Cidade de Lisboa divulgaram uma posição sobre descentralização de competências. Eis o texto integral:

Acerca dos protocolos que a CML pretende
efectuar com as Juntas de Freguesia

O vereador da Câmara de Lisboa António Proa enviou às Juntas de Freguesia uma proposta de protocolo de descentralização de competências, tendo-lhes estipulado um prazo de 48 horas para se pronunciarem, caso contrário estariam tacitamente aceites.
Os eleitos comunistas da cidade de Lisboa têm, a este respeito, a seguinte apreciação:
1- Os protocolos enviados não obedeceram a nenhuma discussão ou aprovação prévia por parte da Câmara Municipal, nomeadamente no que diz respeito aos critérios utilizados para a sua elaboração. Isto apesar do compromisso assumido perante Câmara, há meses, pelo Vereador Proa, no sentido de os trazer à discussão. Também não foi feita nenhuma auscultação prévia às Juntas de Freguesia. Perante este estilo “quero, posso e mando” do executivo de direita da CML, os vereadores do PCP irão apresentar uma proposta de critérios que assegure um tratamento igual para todas as freguesias nomeadamente no que diz respeito à atribuição equitativa das verbas e recursos postos à disposição de cada Junta.
2- É inaceitável que para um documento com esta importância, o vereador tenha estipulado um prazo de 48 horas para as Juntas de Freguesia se pronunciarem. Acresce a esta situação o facto de alguns dos anexos ao documento enviado às Freguesias terem sido posteriormente anulados pelo Vereador António Proa, no decurso das curtas reuniões realizadas individualmente com cada uma delas. Os anexos foram retirados pelo vereador por este não concordar com o seu conteúdo, muito embora tenham sido enviados às Juntas de Freguesia pelo seu próprio gabinete.
3- No que se refere ao conteúdo do protocolo, é absurdo e aberrante que a CML pretenda englobar na área da descentralização conceitos como o de “fiscalizar”ou “emitir directivas e instruções” às Juntas de Freguesia pretendendo assim transformá-las em meros prestadores de serviços da CML, ignorando-as enquanto órgãos autónomos do Poder Local, com direitos e responsabilidades legalmente consagrados.
4- Para os eleitos comunistas os protocolos com as Juntas de Freguesia têm de ser definidos como parcerias entre órgãos, convergindo para a resolução dos problemas das populações. Não é este o entendimento do executivo PSD/CDS-PP que governa Lisboa.
Os eleitos comunistas da Cidade de Lisboa não pouparão esforços para que este processo seja transparente e assegure uma efectiva descentralização de competências, que contribua para a melhoria das condições de vida da população.

Tuesday, March 14, 2006

Chico vem a Lisboa em Maio?

Ainda está no segredo dos deuses. Mas ele vem. Leia aí mais abaixo outros pormenores...

Ganda malandro!

Graças às «nossas meninas», fui ao Coliseu. Claro que é sempre bom. 80% do tempo estive a ouvir o que oiço repetidamente. E é sempre bom.
80% do tempo estive com saudades.
Impossível não ter, pese embora a qualidade dos actores em palco.
Saudades dele.
Do malandro.
Por isso, no final, fui falar com um dos elementos da produção. Sobre a injustiça de não termos cá o Chico.
Portugal merece, merecia, sei lá. Afinal, somos o tal país da «Festa, pá» - lembram-se?
Por isso, mal cheguei a casa, fui ao Googgle e vai de buscar «Chico Buarque de Hollanda», abrir um «site» e enviar-lhe uma mensagem.
Rezava assim:
Sou português, estou em Lisboa, acabo de assistir no Coliseu à tua «Ópera do Malandro».
E quero dizer claramente: malandro «memo», «é tu», Chico.
Há 30 anos que te oiço. Oiço tudo. No carro, em casa.
Tu não «veio» a Lisboa, porquê??
Tu «vai» vir?
URGENTE,
MUITO URGENTE:
Lê meu blog e «te diverte»:
http://lisboalisboa.blogspot.com
Um abraço do país de Abril, o da festa, pá!!! Tu te «lembra», malandro?
José Carlos Mendes
e-mail: jcarlosmendes@gmail.com
Sempre quero ver se recebe, se responde, e se lê o blog, talvez até com um comentário, sabe-se lá. A força da blogosfera ainda não foi medida, mas é muita...

Ele vem
Mas mais tarde. É que entretanto, já sei: ele vem. Quando em Maio vier a Lisboa outro espectáculo com estas mesmas músicas - e só as músicas, ao que julgo saber -, então teremos aí o Chico - ele mesmo, pá!
Vem, Chico, estás perdoado!
Quem é fã, prepare-se.

Nuno Martins
Nota: Em Lisboa, desta vez, a direcção-geral do espectáculo é de João Nuno Martins. (Parabéns. Parabéns a ele também. Mas sobretudo à Lucinha e companhia, sem desprimor para ninguém. Mas ele fez falta.) Impossível não me lembrar de imediato José Nuno Martins - o eterno amigo de Chico. Mas os dois chatearam-se para a vida. Na altura soube porquê. Hoje, já não me lembro e nem quero saber, honestamente.
Vem, Chico, estás perdoado...

Monday, March 13, 2006

Shakira: uma oferta «lisboalisboa»!!!

Veja e oiça o novo CD / vídeo de Shakira, a cantora colombiana que gasta milhões a apoiar crianças do seu país.
Uma prenda do »Portugal Diário e do «LisboaLisboa»...
Vá aqui
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=656224&div_id=291
e, no final do texto, encontra os links desejados...
Aprecie.

Ainda segunda-feira, 13. Carta do anterior ao actual presidente da junta do Beato / Lisboa

Texto integral:

Ex.mo Senhor,
Compreendo o irresistível impulso que menos reflectidamente terá conduzido à solerte e artificiosa carta que tomou a iniciativa de me endereçar, uma vez que não visa – está bem de ver – apurar responsabilidades efectivas sobre o que se terá passado, nem esclarecer ou sequer resolver, nada que envolva o grave problema que todos, a mim e a si, apanhou de surpresa. Com efeito, quaisquer informações solicitadas estão todas disponíveis nos arquivos documentais dessa Junta de Freguesia que atestam a verificação e aprovação regular das contas da autarquia e foram também directamente por mim confirmadas em encontro que ambos realizámos no passado dia 6 de Março. Devo aliás sublinhar, que o seu ofício a que me reporto, foi por mim recebido apenas no passado dia 6 de Março, ao fim do dia, só após o encontro que mantivemos, não obstante ser datado de 1 de Março.
Estou certo que com a dignidade e a elevação que o cargo exige, o senhor Presidente, como é seu timbre, continuará a pautar a sua conduta preservando a imagem e o bom nome de um executivo pluripartidário (PCP/PS) que desempenhou exemplarmente as suas funções em prole da população do Beato e que ao longo do seu mandato deu sobejas provas de seriedade e honradez. Não estando pois aqui em causa nem a honestidade nem o bom nome do executivo cessante e do seu Presidente em particular, julgo ser útil deixar documentados, porque esclarecedores, os termos e o conteúdo essencial do encontro que a seu pedido realizámos no passado dia 6 de Março.
Assim:
1. Fui nessa ocasião confrontado com a informação de que nem a Caixa Geral de Aposentações (CGA) nem as Finanças haviam recebido, durante o período que medeia entre Fevereiro de 2003 e Fevereiro de 2006, os descontos efectuados por conta dos trabalhadores da Junta de Freguesia do Beato, inclusive os meus. Era essa aliás a razão pela qual, o meu pedido de aposentação, entregue logo após a recente transferência de mandato, se havia atrasado a ponto de ainda não haver obtido deferimento. Essa explicação resultava de uma carta da CGA, que me exibiu, endereçada a essa autarquia no início de Fevereiro passado e na qual se dava conta, de que, desde Fevereiro de 2003, não davam aí entrada quaisquer pagamentos dos descontos sobre remunerações.
2. As quantias envolvidas não estavam ainda completamente determinadas, nem havia ainda reclamação formal das entidades envolvidas.
3. A informação voluntariamente prestada pelo senhor Presidente da Junta, em exercício, constituiu para mim uma surpresa a todos os títulos desconcertante e inquietante.
4. Os períodos de tempo a que se reporta a falta das entregas, à CGA e às Finanças, dos descontos efectivamente realizados, corresponderão, ao que parece, ao tempo decorrido entre Fevereiro de 2003 e Outubro de 2005, e a um período indeterminado já do actual mandato, desde Novembro de 2005.
5. O assunto apenas foi despoletado não por eventual argúcia do actual executivo ou por falta dela do cessante executivo, mas exclusivamente por um ofício da Caixa Geral de Aposentações desencadeado pelo meu requerimento de aposentação. Foi logicamente o meu pedido de aposentação e o procedimento administrativo por ele causado que permitiu trazer à luz o que havia estado encoberto – sabemo-lo agora – desde Fevereiro de 2003.
6. Seja pelo método de verificação de contas seguido pelo anterior executivo, seja pelo mesmo método ou outro diferente seguido pelo executivo actual, o que é certo é que a fuga aos pagamentos devidos à CGA e às Finanças se registou em face de dois executivos autárquicos diferentes. A descoberta do sucedido não é sequer mérito de qualquer método inspectivo deste executivo, mas de um simples ofício da CGA. Tivesse mais cedo surgido semelhante oportunidade e mais cedo ainda se descobririam os montantes em falta.
7. Indagou o senhor Presidente na ocasião se eu estava na disposição de adiantar pessoalmente os meus descontos à CGA, suportando-os directamente. Respondi que não só não possuo tal quantia como não me era devido pagar o que já havia pago, ou seja, algo que já me fora descontado em vencimentos passados. A dívida à CGA, a existir, não era minha mas da entidade que reteve esses descontos, logo a Junta de Freguesia.
8. Fui informado que a Junta de Freguesia iria tentar negociar o pagamento faseado dessa dívida com a Caixa Geral de Aposentações. Referiu também que iria dar prioridade à dívida contraída com as Finanças.
9. Sugeri ao senhor Presidente que deveria ser então realizada uma auditoria externa e independente às contas da autarquia e que a confirmar-se qualquer irregularidade deveria dar-se dela imediata participação ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP).
10. Ouvi como resposta que não tinha a Junta de Freguesia dinheiro para pagar tal auditoria externa e que estava, por isso, a proceder a uma auditoria a título próprio.
11. Fui informado que o funcionário da Junta que procedia à contabilidade e era responsável pelos pagamentos fora suspenso no âmbito de um processo disciplinar.
Já depois do encontro que realizámos, e a partir do dia 9 de Março, surgiram notícias em diversos órgãos de informação relativamente a este assunto. Essas notícias, certamente veiculadas por responsáveis dessa Junta de Freguesia, adiantavam outros pormenores que não me haviam sido transmitidos naquela ocasião e avolumavam mais a dimensão da irregularidade detectada, envolvendo agora não só a CGA e as Finanças, mas também a Segurança Social e a ADSE. Falava-se aí também em determinados montantes, bem como se faziam alvitres infundados a meu respeito e se teciam comentários desagradáveis e talvez precipitados, tendo em vista que não há lugar, para já, nem a uma auditoria externa e independente às contas, nem ao inquérito policial ou judicial correspondente.
Pelas razões aduzidas e apenas intuindo que há já matéria que merece cabal e inteiro esclarecimento, tomaram três elementos do executivo anterior, afectos ao PCP, a iniciativa de fazer participação ao Ministério Público com vista a desencadear a competente investigação.
O executivo cessante da Junta de Freguesia do Beato, era constituído, como sabe, por cinco elementos, sendo três do PCP e dois pertencentes ao PS, sob a minha presidência. Todo o executivo, como vai bem de ver, acompanhou regularmente a prestação de contas e a situação financeira da autarquia. A Assembleia de Freguesia aprovou sempre, e por unanimidade, a prestação de contas que lhe foi submetida para apreciar e votar. Isso mesmo aconteceu no respeitante ao exercício financeiro de 2003 e 2004. Atrasos de registo em contabilidade verificados no final do meu mandato, são do domínio público e do conhecimento do executivo a que preside, e devem-se exclusivamente a atrasos nas transferências já vencidas em favor da Junta e nada têm que ver com a situação ora criada.
Assim sendo, insto o senhor Presidente a proceder, quanto antes, a uma verificação independente e qualificada das contas transactas e bem assim, em face das notícias publicadas, a uma participação junto do Ministério Público.
Manterei, como até aqui, um recíproco relacionamento de cordialidade e elevação com o senhor Presidente da Junta de Freguesia, oferecendo-me para colaborar inteiramente quer no quadro do apuramento legal de responsabilidades quer aguardando serenamente o resultado do inquérito imparcial e rigoroso que seguramente será promovido e levado a bom termo pelas entidades próprias.
Penso que não só não estamos em época de campanha eleitoral – essa já passou – como não promoveremos artificiais ajustes de contas políticos, que apenas serviriam para ofuscar as verdadeiras e efectivas responsabilidades. Creio convergirmos num esforço de verdade e não de ocultação, involuntária mas objectiva, das responsabilidades concretas a apurar. Creia-me por isso interessado, como o executivo dessa junta certamente também está, em apurar rapidamente responsabilidades de natureza criminal ou civil o que só poderá acontecer, em última instância, através dos meios previstos na lei e ao alcance dos tribunais.
Com respeitosos cumprimentos,
(segue assinatura).

Vasco Pulido Valente

Eis o texto:

Uma «santanete»

A hipotética "dra." Clara Ferreira Alves (chegou com dificuldade ao actual 12º ano), crítica literária que leu (jura ela) "os clássicos", especialista do último escritor inglês com quem almoçou, autora de um romance anunciado em 1984 e nunca até agora publicado, dona de uma coluna ilegível (e bem escondida) na "revista" do Expresso, foi um dia arvorada directora da "Casa-Museu Fernando Pessoa" pela conhecida irresponsabilidade de Pedro Santana Lopes, de quem ela tinha sido uma entusiástica partidária. Daí em diante, a importantíssima Ferreira Alves e o "Pedro", como ela dizia, ficaram muito amigos. Tão amigos que a "dra." Clara apareceu um dia presuntiva directora do "Diário de Notícias", coisa que me levou a sair antes que ela entrasse. Felizmente, não entrou, porque teve medo de cair na rua entre o "Expresso" e o DN, com a reputação de uma "santanete" obediente. Agora, morto o seu patrono, não perde uma para o maltratar, supondo que demonstra "independência". Ontem, a propósito de um "Audi", que o homem comprou, despejou em cima da cabeça dele todo o lixo do mundo. Santana não aprendeu que a certa espécie de pessoas não se fazem favores.
Se a "dra." Clara me quiser responder, sugiro que me responda em inglês e não meta na conversa a sua célebre descrição do pôr-do-sol no Cairo. Muito obrigado.
vpv

O blog acabou no passado dia 10.
Pode ler este «post» no dia 5 de Março em:
http://o-espectro.blogspot.com/

Para segunda-feira, dia 13

Vodafone

Aconteceu-me: as pessoas ligam mas o meu telefone nem mexe. Perante queixas, claro, fiz o inevitável: liguei 16 912 / apoio a clientes. Foi-me explicado: uma desprogramação. Nunca, em 16 anos, tal me acontecera, que eu soubesse ou desse conta. Meia hora depois estava resolvida a coisa.
Se lhe acontecer, procure saber no seu apoio a clientes o que se passa, antes que haja mais prejuízos.
(Para conhecer esse número da sua rede, provavelmente deve contactar o 1896 – TMN ou o 1893 – Optimus. Fica aí esta informação útil…)
E já agora: quem nos indemniza, a nós e às pessoas que nos contactam, pelo desgaste do silêncio, sobretudo se os momentos forem quentes. E tantas vezes são!

«Eu é que sou o presidente da junta»

Uma foto e seis vezes o nome do presidente numa página de um destes documentos, é obra. Só na ficha técnica, três vexes o mesmo nome!!!
É caso para dizer mesmo: «Eu é que sou o presidente!»
(Isto incomoda-me, sobretudo se vindo da minha área política. E ninguém estranhará então que proteste de cada vez que as fotos e o nome de Sá Fernandes faz páginas e páginas de um certo diário «de referência». Já imaginaram o dr. Sá Fernandes a puxar dos galões: «Eu é que sou o presidente da junta»??)…

PS de Lisboa

Em entrevista ao meu amigo Carlos Ferreira Madeira, do «Independente», Miguel Coelho, actual / ainda líder da Concelhia de Lisboa do PS, abre uma parte do jogo, no que se refere à designação de Carrilho como candidato do PS para as autárquicas de Outubro passado.

Carrilho
Com bastante indelicadeza, deixa claras algumas coisas: não era Carrilho que «a Concelhia» queria (leia-se: Miguel Coelho e Dias Baptista não o queriam).
Com bastante má educação, ao ser-lhe referida a votação repetidamente dividida dos vereadores do PS na CML, Coelho é abrupto: há na lista pessoas indicadas por carrilho, pessoas indicadas pela Concelhia e «Isabel Seabra nem sequer é do PS».
Vou dizer claramente: Isabel Seabra é minha amiga. Mas não é por isso que esta resposta de Miguel Coelho me indigna. É que Isabel Seabra tem mais valor de olhos fechados do que os Coelhos todos juntos. E mais: há pessoas no PS sempre a encherem tanto a boca com a pluralidade das suas listas, com a guarida aos independentes, com as quotas de mulheres… Razões mais do que suficientes para estarem de bico caladinho.
Sobre Carrilho, chega a dizer que ele lhe foi imposto pela direcção nacional do PS, e que ele não corresponde ao perfil que definiu para o cabeça-de-lista.
O mandato mal começou. E o menos que se pode dizer é que é o próprio presidente da Concelhia que vem atear os fogos e acender as fogueiras, armadilhando a oposição na CML. Ou seja: facilitando a vida mais uma vez ao PSD. Já não é a primeira, como se sabe. Tanto no mandato passado como neste.
Uma vergonha, esta entrevista.

Bragaparques
Mas Coelho não explica por que razão, de facto, o PS (e o Bloco, já agora) viabilizaram o negócio da Bragaparques. Mete os pés pelas mãos, mas nada esclarece. A coisa ficou ainda mais nublada. Mas há quem saiba o que se passou. Há, sim, senhores. Há quem saiba e um dia ainda o dirá. Sintomática é esta frase a este propósito: «Neste processo votámos da mesma maneira (nós, PS, e o Bloco). Estamos portanto de consciência tranquila». Que diabo de consciência é esta do PS de Lisboa que fica tranquila quando pode dizer que votou da mesma maneira que o Bloco? O que se passa? Há aqui um escorreganço subliminar ou não? Eu acho que há.
Quando saberemos de facto o que se passou? Só quando Miguel Coelho for derrotado na Concelhia?

Leonor Coutinho
Mas o mais grave de toda a entrevista é o que Miguel Coelho consegue publicar sobre a sua camarada de partido Leonor Coutinho, ela também na corrida à Concelhia. Dela diz que não conhece Lisboa. Que não sabe onde são as sedes do PS. Que ninguém ouve falar dela no PS em Lisboa.
Arrogante: «A concelhia de Lisboa não se hipoteca à direcção nacional». Leonor C. é da direcção nacional.
Acintoso: «Comigo não há enfeudamentos». Com Leonor C. há enfeudamentos, claro. Basta ler o sentido inverso da acusação…
Diz isto tudo dela e depois conclui que tem «muito respeito por Leonor Coutinho». Olha se não tivesse! Como tratará ele as pessoas por quem não tem respeito?
E diz sem vergonha que sempre quis o diálogo interno. Está a escamotear um facto recente que por acaso é do conhecimento público: perante uma proposta feita na Concelhia de que fossem levadas à prática acções de debate aberto a militantes, a mesma foi liminarmente rejeitada. E há apenas dois mesitos que isso aconteceu. E a autora da proposta até é uma ministra de Portugal…

Coligação de esquerda
Finalmente: Miguel Coelho não tocou (porque não quis) num assunto que, esse sim, tem de ser esclarecido: a rejeição de uma coligação à esquerda para a CML.
Quando é que alguém responsável do PS nos esclarece?
Só depois da derrota da actual Concelhia de Lisboa?
E isso será quando?

O Audi e as cerejas

As conversas e as ideias são como as cerejas. Eis algumas: Santana Lopes, elogios, charme na posse do PR, um Audi topo de gama, os leilões e as hastas públicas.
De facto, a semana da tomada de posse do PR foi uma semana outra vez diversificada para Santana Lopes, que dizem moribundo (moribundo politico, quer dizer. Estará? Com o Congresso do PSD à porta e tal?). Tudo começou no sábado, dia 4 de Março, com um verdadeiro panegírico ‘expresso’ num semanário de referência. Assinadas por Clara Ferreira Alves, as atoardas foram tantas que escandalizaram meio mundo (eu incluído, como deixei claro no ‘blog’ «lisboalisboa» da blogspot.com). Um dos que mais lhe arrearam foi Vasco Pulido Valente, a quem ela agora quer processar por isso. Mas, minha senhora, nunca ouviu dizer que «quem anda à chuva molha-se»? A verdade é que durante três anos e tal a senhora esteve a chupar do orçamento da Câmara de Lisboa à pala de Santana Lopes. E aparecer numa altura destas a dar tão rasgados elogios ao seu patrono, quer que a gente pense o quê?
Em segundo lugar, o leilão do carro de Santana Lopes. Melhor, do célebre carro que Santana Lopes comprou com dinheiro da CML. E comprou-o por duas razões conhecidas: para se dar ares de importância (não dele: do cargo, evidentemente, claro); e para viajar seguro. E viajar mesmo muito. 66 mil quilómetros em poucos meses. Sim, porque este Audi A8, como muita gente sabe e foi devidamente assinalado na imprensa da altura, é talvez o sexto carro de alta gama (melhor: de topo de gama) que Santana Lopes comprou com dinheiro da CML. Lembro-me, de repente, de dois ou três Peugeot, pelo menos um Lancia e vários BMW. Era gastar à fartazana. Por estas e por muitas outras é que não sobrava dinheiro para pagar aos fornecedores, aos empresários que prestavam serviços de todo o tipo à CML, alguns dos quais ainda estão a chuchar no dedo hoje… E estarão, tenho a certeza.

Leilão e hasta pública
Pois Santana foi notícia esta semana que passou também por causa do A8 (não foi só por se ter pendurado no grupo próximo de Letizia Ortiz, Princesa das Astúrias, na tomada de posse do novo PR). É que Santana Lopes veio dizer a Carmona Rodrigues (melhor: a nós, pois enviou a carta para os jornais, numa acto de propaganda típico da sua maneira de estar na vida), veio dizer que vai pedir dinheiro ao banco para comprar o carro. Carro que, diz ele, «tanto incomoda» Carmona Rodrigues – que ele Santana levou para a CML pelo caminho das pedras… e que agora lhe paga assim: apoia Marques Mendes no Congresso da ruptura e acolhe-se ao seu seio. E ainda lhe esfrega a porcaria do Audi nos jornais todas as semanas porque ninguém lhe pega nos leilões. Pois «vou pedir um empréstimo, compro o carro e acaba-se o seu incómodo». Santana, que nunca atestou o depósito deste Audi, terá depois de pedir outro empréstimo para atestar de cada vez que vier de Cascais a Lisboa ou sempre que for almoçar a Cascais ou sempre que vier lanchar à Vela Latina. Isso é garantido, que aquilo é um sorvedouro de gasolina 98.
Finalmente: as hastas públicas. Santana já está agarrado em Lisboa a uma hasta pública que levanta um coro de vozes contra: aquela que entregou boa parte dos terrenos da Feira Popular à famigerada Bragaparques.
Agora, eis que é notícia esta semana outra hasta pública. Também duvidosa. Também sob a mira do Ministério Público. Esta, ainda em 2001, na Figueira da Foz. Sob a presidência de quem? De Santana, pois claro.
O homem não tem sorte, mesmo.
Maldita semana!

Wednesday, March 08, 2006

PS Lisboa ferve

Um apoiante de Leonor Coutinho queixa-se de qualquer coisa que parece «perseguição».
Eis uma nota (e outras se seguirão) que retirei de
http://www.clube-x.com/default.asp?TOPIC_ID=694
É assim:

As inconfidências do administrador da Bragaparques, Domingos Névoa, estão a agitar o PS. O líder da concelhia de Lisboa, Miguel Coelho, vai processar por difamação e difusão do segredo de justiça um camarada, Filipe Batista, subdirector do Gabinete de Relações Internacionais do Ministério da Justiça.
Filipe Batista é um dos membros da direcção do ‘site’ ‘www.clube-x.com’ que ontem fazia alarde da manchete de sexta-feira do ‘Independente’, que referia o caso da tentativa de corrupção do vereador do BE, José Sá Fernandes. No ‘site’ afirma-se que a capa do jornal “espelha bem o estado em que a estrutura Concelhia do PS se encontra”.

O caso remete para Outubro, numa reunião de Câmara, dois vereadores socialistas, abstendo-se, viabilizam a venda dos terrenos do Vale de S. António, em Chelas, ao construtor João Bernardino Gomes, já falecido. O ‘site’ frisa ainda que “no corpo da notícia são levantadas suspeições graves sobre a actuação dos vereadores Dias Baptista e Natalina Moura, reconhecidos como os ‘homens’ de mão de Miguel Coelho, o presidente do PS Lisboa”. E publica fotografias dos três visados: Dias Baptista, Natalina Moura e Miguel Coelho. Filipe Batista, lamentando a notícia, afirmou ao CM que a mesma não é da sua autoria. “Acho-a até, um pouco arrojada”, disse e questionou Coelho. “Não percebo como é que faz a ligação à minha pessoa. Eu pertenço a um ‘site’ que tem 60 colaboradores. Ele quer é assassinar-me politicamente porque eu assumi que apoio a candidatura de Leonor Coutinho à Concelhia”, alegou.

CANDIDATO A BENFICA
Filipe Batista, de 33 anos, foi candidato pelo PS à presidência da Junta de Freguesia de S. Domingos de Benfica, em Lisboa. Licenciado em Relações Internacionais e mestre em Desenvolvimento e Cooperação Internacional, foi nomeado, no passado dia 15, subdirector do Gabinete de Relações Internacionais do Ministério da Justiça. Antes esteve na Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM).

Tuesday, March 07, 2006

GALP contra o cidadão João Janes

Eis então a transcrição das peças todas: a carta de João Janes à DECO, a resposta imediata da DECO (parabéns, dra. A T ) e o mail simples que enviei às redacções, com a documentação anexa…
Aí têm (todos estes documentos têm data de hoje, 7 de Março, à tarde):

Carta de João Janes

Drªa Ana Tapadinhas / DECO

Chamo-me João Janes e sou Jornalista da TSF. Não é pelo nome nem pela
profissão que lhe dirijo este mail, mas sim, para dar conta enquanto cidadão
deste país da situação que estou a viver"graças" à Galp.
No dia 2 de Fevereiro de 2006, atestei o meu carro com gasóleo ( à volta de
48 litros), na estação de serviço da auto-estrada de Cascais (A5) sentido
Cascais-Lisboa. Um dia depois, o carro em plena rua em Oeiras parou. Chamei
o reboque e foi para a oficina onde habitualmente costumo ir com o meu
carro. Uns dias depois, porque a oficina não tinha disponibilidade temporal
para resolver de imediato o meu problema, telefonaram-me a dizer que tinha
sido a bomba injectora do carro que tinha rebentado ( estava cheia de água e
as próprias peças danificadas devido a essa mesma água). Até aí, tudo bem,
uma vez que as bombas dos carros também se gastam. Numa segunda-feira (
passados já mais ou menos 10 dias ) vou ao mecânico buscar o carro quando
este me diz que afinal o problema devia ser outro porque não conseguiam que
ele funcionasse. Fomos à Opel ( SGA em Paço de Arcos ) e feito check-up no
computador, deu como avaria a bomba injectora ( estamos a falar de uma peça
que custa quase 3000EUR). O fornecedor da bomba foi informado e optámos por
enviá-la a quem a tinha vendido. Este, não muito convencido da falha do
material que tinha acabado de vender, resolveu abrir a bomba para detectar
a avaria. E o que viu? A bomba cheia de água novamente. O meu mecânico optou
por despejar o depósito do gasóleo e para espanto de todos os que estavam
presentes, o gasóleo tinha água. Por defeito de formação, tentei despistar se
seria possível o gasóleo ter agua misturada e informei-me junto da
concorrência da Galp. Contactei um dos maiores revendedores da Repsol a quem
expus o caso sem nunca referir o nome da gasolineira, ao que ele me disse,
que sim, que era possível, que inclusivamente já lhe tinha acontecido num
dos postos de abastecimento dele, e que tinha a ver com acumulação de humidade
nos depósitos e que depois se juntam ao combustível. Não é uma situação
normal, porém, acontece, e pelos vistos na Galp, não é assim tão anormal
esta situação uma vez que pelo que apurei já no ano passado situação idêntica
se passou com mais de uma dezena de carros a serem afectados. Mais, o meu
amigo da Repsol contou-me que o procedimento correcto nestas situações, é o
lesado apresentar a reclamação e a gasolineira assumir por inteiro as
despesas. Inclusivamente, este revendedor da Respsol acrescentou que quando
teve essa situação no posto dele, tratou de disponibilizar um carro ao
cliente e pagou-lhe todas despesas.
A par desta situação não me restou alternativa se não contactar a Galp, posto
da AE Cascais sentido Cascais-Lisboa. Foram muito simpáticos no atendimento e
disseram-me para eu apresentar um relatório do mecânico e apresentar o
orçamento, o que eu fiz de imediato. Passados 10 dias, e porque não me
diziam rigorosamente nada, volteia contactar a supervisora do posto, D.
Cristina de Jesus, que me disse ter entregue toda a documentação
Ao coordenador do Serviço de Clientes que me iria contactar nesse mesmo dia.
Já passaram mais 8 dias e nada! Posto isto, estou ainda sem carro nesta
altura porque a avaria não se resume á bomba injectora. Como o carro, neste
caso, carrinha Opel Astra, tem um motor onde abundam as componentes
eletricas, o facto de ter entrado água no circuito, danificou todo o sistema
eléctrico, descomandando mesmo a centralina ( nome técnico para a caixa
codificada que distribui a informação ao motor). Já passou mais de um mês, já
esgotei o meu plafond a alugar carro ( aluguei um carro de categoria mais
baixa que o meu e só mesmo depois e saber que a culpa da avaria tina sido da
Galp) e não tenho uma única indicação da Galp. ó em arranjo do carro,
reboques a mudar de um lado para o outro, aluguer, etc, já lá vão mais de
5000EUR e da Galp, nem uma palavra. Pior: não sei quando terei o carro
pronto nem se fica em condições como me disseram na Opel, já que água no
circuito eléctrico de um automóvel é pior que um isqueiro num depósito de
gasolina.
Sinceramente não sei para onde me hei-de virar de forma a conseguir resolver
este assunto a bem! os tribunais todos nós sabemos são lentos, a Galp com a
força de uma grande empresa, não tem um mínimo e consideração por quem,
devido a uma falha deles, pagou gasóleo e levou agua!
Todas as facturas, e os relatórios estão na posse da Galp que opta pelo
silêncio, numa clara tentativa de me vencer pelo desgaste, como é norma
acontecer neste país. daí eu ter recorrido à Deco, na esperança de conseguir
algum avanço na resolução do meu problema ( que não deverá ser só meu já que
quantas pessoas não têm avarias destas e não têm sequer a mínima noção do que
lhes aconteceu). Eu, no meio do azar, «tive sorte», ao "rebentar" a segunda
bomba injectora, que levou a que o mecânico retirasse o gasóleo do deposito
e visse a agua, senão, tinha pago o arranjo e nunca sonhava que tinha sido
esse o problema do carro.
Como Jornalista da Tsf e director de uma outra publicação, vivo do meu
carro, já que tenho de me deslocar com muita frequência de um lado para o
outro. O desgaste emocional, o dinheiro gasto, o que tenho deixado de fazer
com prejuízo para a minha vida pessoal e profissional é algo que não consigo
contabilizar em euros, mas digo, que representa muito dinheiro.
Deixo à consideração da Drª Ana Tapadinhas esta queixa na esperança que este
consumidor possa ser ressarcido de um enorme prejuízo que tem tido se ter
culpa alguma de ter escolhido a Galp em vez de outra gasolineira.
Termino com mais esta informação: o gasóleo que estava no depósito está na
oficina L…, Lda, na rua …, em Oeiras (tel….), cujo mecânico é o sr. P…, assim como a bomba injectora para que qualquer especialista nesta área possa confrmar ou não da veracidade dos factos.
Os meus cumprimentos
João Janes

Resposta imediata da DECO

Ex.mo Senhor ...

Acuso a recepção do mail, cujo conteúdo mereceu a nossa melhor atenção.
Relativamente ao assunto exposto, cumpre-nos informar que evidentemente lhe
assiste toda a razão na situação relatada, assistindo-lhe o direito a ser
indemnizado pelos prejuízos sofridos, motivo pelo qual nos colocamos à sua
inteira disposição para mediar o presente conflito.
Contudo, cumpre-nos, também, informar que existe o CASA - CENTRO DE
ARBITRAGEM DO SECTOR AUTOMÓVEL, que visa justamente dirimir conflitos
decorrentes de prestação de serviços de assistência, manutenção e reparação
automóvel, compra e venda de veículos usados, e fornecimento de
combustíveis.
Assim, qualquer interessado pode recorrer aos serviços do Centro, por
telefone, por escrito ou pessoalmente. Os pedidos de informação são
recebidos por um jurista que, além de prestar os esclarecimentos
necessários, tentará a resolução dos conflitos através da mediação.
Caso a mediação não resulte, preparará os processos para conciliação e
arbitragem, não sendo necessária a constituição de um advogado.
A passagem à fase de conciliação e arbitragem é paga : 3% sobre o valor da
reclamação quando é escolhido um único árbitro e 5% quando as partes
escolhem três árbitros, no mínimo: 5 euros. Caso seja necessário, poderão
realizar-se as peritagens, sendo as partes previamente informados do
respectivo custo.
Em face do exposto, aguardarei as suas instruções para mediar o presente
conflito, através dos nossos serviços, ou em alternativa, remeter para o
CASA a reclamação que nos endereçou.

Com os melhores cumprimentos,

Ana Cristina Tapadinhas


Mail que enviei às redacções e a jornalistas a acompanhar estes documentos:

Peço a cada um dos destinatários que leia esta história diabólica que
está a contecer ao João Janes, jornalista da TSF.
A GALP está a tramar-lhe a vida e nem dá cavaco!!!
Hoje é a ele. Amanhã é a um de nós.
Será bom que, solidariedades corporativas à parte, todos se interessem
e divulguem nos seus meios o que um empório como aquela gasolineira se
atreve a fazer de forma arrogante a um cidadão...
Estão aí os contactos, para a reportagem.
E ainda o meu:
José Carlos Mendes
91 …


E tudo isto numa só tarde. Parece que resultou. É a força da net? Não: é a força da malta... Mais uma lição para mim e para si.

Mais uma operação especulativa em curso em Lisboa? E logo para «matar» o IPO público?

O IPO fica ali à Praça de Espanha. Será que ali um dia destes se vai erguer com o conluio do governo e da CML um novo condomínio privado? E será que o novo IPO vai para Oeiras e será gerido por privados, como o famigerado e mal-fadado Amadora-Sintra?
O PCP divulgou hoje a este propósito a seguinte nota:

PCP contra especulação imobiliária envolvendo privatização do Instituto Português de Oncologia (IPO)

São cada vez mais frequentes as declarações públicas relativas ao IPO, e todas em sentido preocupante.
De facto, ultimamente há quem coloque a debate uma possível deslocalização desta importante unidade de saúde, podendo mesmo antever-se neste processo o início de um modelo de privatização do Instituto.

O PCP declara a sua frontal oposição a qualquer movimento no sentido da privatização do IPO, em defesa dos interesses dos utentes.

Recentemente, têm perpassado e avolumam-se em diversos órgãos de comunicação social alguns repetidos indícios e recorrentes declarações de responsáveis políticos, que colocam a hipótese de que o IPO saia da Cidade de Lisboa / Praça de Espanha e se possa instalar noutro local ou mesmo fora de Lisboa e em benefício de privados.
A operação, como ela se apresenta à opinião pública, está ainda encapotada. Mas, na prática, o que pode estar em causa é nada mais, nada menos do que uma operação de especulação urbanística e de privatização do IPO. Assim, os terrenos da Praça de Espanha seriam entregues a privados para urbanizar e esses mesmos privados construiriam uma nova unidade noutro local – eventualmente, segundo referências que se podem ler, em Oeiras. A gestão da nova unidade seria também entregue às empresas incluídas na operação...

Responsabilidade especial da CML

São declarações preocupantes de Carmona Rodrigues, presidente da CML, aquelas em que ele se manifesta disponível para viabilizar uma tal «solução» - solução para os privados, mas não para os utentes do IPO. O resultado deste tipo de gestão privada de hospitais está à vista no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora/Sintra), designadamente no que se relaciona com exames e outros apoios essenciais para os doentes.
O PCP não hesitará em mover todas as suas capacidades contra tal decisão, a qual que contaria o interesse público em geral e em particular o interesse dos doentes e dos utentes do IPO. Junto das populações e da opinião pública, nos órgãos de poder local (assembleia municipal, câmara, assembleias e juntas de freguesia), assim como na Assembleia e na Junta Metropolitana, bem como na própria Assembleia da República apelando por todo o lado a um grande levantamento popular e institucional contra a privatização do IPO em benefício do capital privado.

Luísa Botinas, «DN», analisa cemitério de Carnide... e conclui!

O cemitério de Carnide foi inaugurado há uns anitos. Devia estar em perfeito estado, até por se tratar de uma unidade que resulta de conceitos novos à data... Mas não. Eis o que pode ler hoje no «DN»:


Cemitério moderno está às portas da morte
por
Luísa Botinas

Ocenário parece assustador: corpos que não se decompõem num cemitério, ao fim do período de cinco anos quando se procede à exumação dos cadáveres. Tal e qual um filme de terror. Isto é o que se passa no único cemitério de Lisboa construído pela autarquia no século XX, e é digno da imaginação do mais criativo dos argumentos de Spielberg.

Desde Janeiro de 2004 que o Cemitério de Carnide não recebe mais enterramentos devido aos problemas estruturais que enfrenta. "Apenas em casos especiais são permitidas inumações", disse ao DN o vereador responsável pela gestão cemiterial de Lisboa, António Prôa. Uma dessas excepções foi precisamente o funeral da escritora Sophia de Mello Breyner. Mas, na verdade, até que seja encontrada a solução técnica para resolver o problema detectado não são permitidos mais enterramentos naquele espaço.

Mas afinal qual a razão de tamanho mistério que intrigou sobretudo familiares dos mortos. Trata-se de um problema de construção, explica o vereador, especificando que "tudo tem que ver com a drenagem dos terrenos e das zonas das sepulturas. Não foi fácil encontrar quem responsabilizar. A câmara esteve em litígio com o empreiteiro, alegando erros de concepção/construção", acrescenta. "Para resolvermos o problema, pedimos ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para estudar o caso e o laboratório encarregar-se-á de fazer o diagnóstico e apontar soluções. Espera-se que o estudo encomendado apresente conclusões ainda este ano.

Para que a decomposição dos corpos aconteça, os solos têm que reunir determinadas condições: humidade e arejamento. Porém, se houver arejamento sem humidade, o cadáver fica mumificado. Mas, se houver água e pouco arejamento, os corpos demoram muito mais tempo a decompor-se.

O novo complexo funerário

O cemitério de Carnide constitui o primeiro cemitério-jardim da cidade e o único construído pela câmara de Lisboa no século XX (inaugurado em Janeiro de 1996). Neste espaço os elementos verdes são predominantes, com extensos relvados, árvores e arbustos, além de caminhos e locais de estadia aprazíveis. Pensado em novos moldes, este cemitério ofereceu ao público vários serviços até então indisponíveis nos espaços cemiteriais, como quatro salas de velório e uma sala ecuménica, preparada para receber rituais de todos os cultos. Situadas no edifício administrativo, mas com entrada independente, existem lojas de pedras ornamentais e de flores.

É grande em área e tem ainda uma zona de expansão prevista que permitirá aumentar a sua capacidade para o dobro. A construção do crematório está integrada no complexo denominado tanatório que o actual executivo pretende construir em Carnide. "Não é mais do que dotar a cidade de uma maior oferta de cremação. Haverá mais fornos crematórios, salas de vigília, salas de apoio com bar, cafetaria, salas de repouso, apoio médico, salas de tanatopraxia. Tudo isto para garantir aos munícipes de Lisboa as melhores condições numa situação de sofrimento", explica António Prôa.

O projecto está orçado em 4 milhões de euros e, segundo o vereador, a intervenção deverá desenrolar-se faseadamente. Mas para que as coisas avancem, será necessário encontrar a solução para o problema estrutural que afecta Carnide. A autarquia admite a hipótese de fazer este projecto no regime de concepção/construção/concessão. António Prôa garante que tal opção não acarretará acréscimo de custos para os munícipes.

Reconhecendo a existência de críticas da parte da oposição, muitas delas do PCP que o acusa de querer privatizar os cemitérios de Lisboa, Prôa assegura todavia que "neste momento não há qualquer solução fechada que esteja já decidida".

O PCP acredita que o PSD está a aproveitar a necessária criação de mais fornos crematórios em Lisboa como pretexto para voltar a colocar na agenda política a questão da privatização dos cemitérios, numa aparente repetição da tentativa verificada no mandato anterior. Os comunistas receiam que o "concurso público internacional de concepção, construção, gestão, exploração e manutenção do complexo funerário de Carnide signifique que a empresa ou o consórcio vencedor ficará igualmente detentor do complexo, numa efectiva operação de privatização de serviços públicos essenciais".

Em 1985 o então presidente da Câmara de Lisboa Krus Abecasis decidiu construir um novo cemitério em Lisboa. O estudo prévio foi aprovado no mesmo ano. Era necessário um novo espaço de enterramentos. Para tanto, foi realizado um estudo de reordenamento territorial o qual deveria conter uma previsão dos enterramentos e das cremações num horizonte temporal definido. Chegou-se então à conclusão que era indispensável a construção de um novo cemitério.
As alternativas de localização começaram por desenhar-se: a zona do Restelo chegou a ser uma delas. Mas Carnide reuniu logo à partida todas as condições, apesar de um inconveniente: o nível freático nos terrenos (o nível a que se localizam as linhas de águas subterrâneas). Cientes das características do terreno, os responsáveis optaram, apesar de tudo, por Carnide, partindo do princípio que era possível contornar as dificuldades através de soluções técnicas apropriadas. Uma delas, seria a instalação de um bom sistema de drenagem, abaixo do prisma de enterramento (2 metros) a outra, passaria pela correcção das características físicas e mecânicas dos solos nesse prisma de enterramento, conseguida através da remoção dos solos existentes e da colocação de outros solos.

Monday, March 06, 2006

Património prejudica ganância de empresários...

Malditos romanos. Malditos os que querem preservar a História e o Património: só atrapalham os empresários que querem construir, construir, construir...
Veja aí a seguir o artigo magnífico de Ana Henriques, tal e qual, inserido no «Público» de hoje.

Vestígios de fábrica de pitéus
romanos descobertos perto
da Torre de Belém

Grandes tanques em pedra provam que aqui se fabricou um ingrediente à base de peixe muito popular na época, que era exportada para todo o império.

Instituto Português de Arqueologia irá decidir da necessidade de preservar achados.

Por
Ana Henriques

Por detrás da barba percebe-se que o arqueólogo António Valera fez um esgar de repulsa. Uma colega imita-o, perante a sugestão de provar nos dias de hoje aquele que foi um dos grandes petiscos dos antigos romanos: o molho de peixe, ou garum, no original.
E, no entanto, o repugnante pitéu feito à base de peixe, do seu sangue e tripas, ovas, marisco e especiarias, tudo macerado em sal e fermentado, deu origem a uma descoberta que está a entusiasmar os arqueólogos em Belém.
Nas obras de instalação de um hotel de charme na antiga Casa do Governador da Torre de Belém, em Lisboa, junto à Universidade Moderna, descobriram-se vestígios de uma grande unidade de fabrico de garum. Até agora foram localizados 16 grandes tanques de pedra numa área de cerca de 600 metros quadrados correspondente ao pátio da casa senhorial, e pode haver mais ainda sob as construções existentes. Não se tratando de uma descoberta inédita - existem várias fábricas destas espalhadas pelo litoral português e espanhol por exemplo -, ela pode ajudar a compreender melhor o funcionamento desta indústria conserveira.
Era nos mega-recipientes de pedra revestidos a reboco - os especialistas chamam-lhes cetárias - que ficava a fermentar a pestilenta mistura. Um dos que foram aqui encontrados, na Rua Bartolomeu Dias, em frente à torre de Belém, mede sete metros de comprimento por quatro ou cinco de largura. "Não é costume serem tão grandes", assinala António Valera, que trabalha para a empresa de arqueologia Era e classifica esta descoberta como sendo "de grande valor científico", mais do que patrimonial.
Quando ficava no ponto, o que podia demorar dois meses, o preparado era metido em ânforas e exportado para todo o império romano, para ser consumido à mesa. A sorte dos arqueólogos é que no fundo destas cetárias encontraram restos que podem, depois de analisados em laboratório, fornecer dados sobre a composição exacta do garum aqui produzido. Num dos tanques, que a certa altura terá passado a servir de lixeira aos romanos, havia mesmo conchas dos moluscos que terão entrado na composição do petisco. Pelo formato de uma ânfora também aqui descoberta calcula-se que tudo se tenha passado nos sécs. I-II d.c. Foram igualmente encontradas no local duas moedas daquela época.
Especialista no período romano, o arqueólogo Carlos Fabião explica que o molho de peixe não era todo igual. "As actuais conservas podem ir da cavala ao caviar. A designação garum também abarca várias misturas de produtos maceradas em sal, com preços muito variados". Não parece haver dúvida de que se tratava de "um produto com uma popularidade gigantesca na antiquidade".
E de que forma era consumido? "Entrava nas receitas das mais variadas formas, para temperar pratos, inclusivamente de carne, ou como aditivo de outros alimentos", responde o arqueólogo, acrescentando que o mais antigo livro de receitas conhecido, "De res coquinaria", escrito pelo romano Apicius, faz referências a exóticas combinações de garum com vinho e até com mel. Apicius ter-se-á suicidado depois de ter gasto toda a sua fortuna em comida, por não poder continuar a alimentar-se da forma como estava habituado até aí.
O papel do sal na dieta mediterrânica era de tal forma importante, prossegue este especialista, que em Roma a população mais pobre ia às lixeiras buscar os cacos das ânforas onde tinha estado peixe em salmoura ou molho de peixe. "Ferviam os cacos em água para recuperar o sal que tinha sobrado", descreve.
O garum corresponde também a um mistério até hoje por esclarecer cabalmente: o seu desparecimento completo no final do séc. V d.c., já depois da queda do império romano. "É estranhíssimo não ter sobrevivido na gastronomia mediterrânica nada que o evoque depois de toda a popularidade que teve desde o séc. V a.c.", espanta-se Carlos Fabião. Segundo algumas teorias, o domínio árabe que se seguiu pode explicar o sucedido, uma vez que esta cultura não valoriza o peixe como alimento. Mas então como explicar o desaparecimento do célebre molho em França, na Itália e na Grécia, locais onde o domínio islâmico não chegou? - questiona.
O material agora descoberto em Belém poderá, segundo Carlos Fabião, confirmar uma tese segundo a qual a certa altura este tipo de produção passou a concentrar-se em unidades de maior dimensão, depois de uma fase de manufactura intensiva mais dispersa, em que imperavam as fábricas mais pequenas espalhadas por mais locais.
O local deverá esta semana ser visitado pelo presidente do Instituto Português de Arqueologia, Fernando Real, que decidirá sobre uma eventual necessidade de preservação dos vestígios, ou pelo menos de parte deles.

Promotor imobiliário apreensivo admite integrar parte das ruínas em hotel de charme

A empresa que está quer promover o hotel de charme na antiga Casa do Governador da Torre de Belém, a Sycamore - sociedade do grupo Carlos Saraiva que tem como administradores Tomás Vasques, antigo vereador socialista e antigo chefe de gabinete de João Soares e Margarida Magalhães, vereadora do Urbanismo Margarida Magalhães no penúltimo mandato autárquico - está apreensiva perante o acréscimo de gastos motivados pela escavação arqueológica em curso e perante a possibilidade de os achados porem em causa o projecto. Quem o diz é o técnico responsável pela obra, Humberto Martins: "Se tivermos de retirar muita área ao futuro hotel para preservar os vestígios a operação torna-se incomportável, uma vez que há limitações à volumetria da unidade hoteleira", observa.
"Mas estamos abertos à preservação de parte deles e à sua integração no hotel". Humberto Martins queixa-se da actual legislação, que obriga o dono da obra a suportar todos os custos inerentes à descoberta de bens arqueológicos nos seus terrenos - não só a sua escavação como os encargos derivados do atraso da obra: "Num caso como estes não há qualquer apoio financeiro. Todos os encargos são à nossa custa".
"A nossa grande angústia neste momento é não sabermos qual será a decisão do Instituto Português de Arqueologia relativamente aos achados", acrescenta Humberto Martins, mostrando-se receoso da descoberta de mais material arqueológico. "Se desistirmos agora perdemos x. Se desistirmos mais tarde perdemos x mais y", contabiliza.
Embora tudo dependa, de facto, do Instituto de Arqueologia, um dos arqueólogos encarregues da escavação, António Valera, é da opinião de que não se justifica preservar tudo o que foi encontrado. "Pode tentar-se a compatibilização entre o projecto e parte do que aqui está", alvitra. O arqueólogo Carlos Fabião defende por sua vez que "não é aceitável que o passado assuma um peso desmesurado tal que complique o presente".
"O hotel poderá tirar partido" desta descoberta, assegura. E dá o exemplo de Cádiz, onde o sector conserveiro aproveitou um passado igualmente ligado às conservas romanas para dele fazer a sua bandeira. "No final do ano passado estive num congresso sobre este tema em que umas das entidades patrocinadoras era o sector conserveiro da Andaluzia", exemplifica. Por cá cita os exemplos de uma loja de vinhos da Rua dos Fanqueiros, que alberga uma unidade do género das de Belém, e do núcleo arqueológico do Banco Comercial Português na Rua dos Correeiros, que entre outras coisas também inclui o mesmo tipo de vestígio romano.