Friday, August 24, 2007

Carta aberta a uma amiga

Caríssima CO,
Partilho das tuas preocupações. Mas elas são um efeito especialmente previsível. Pouco poderás contra as leis do mercado. A partir de agora és mais uma. Apenas. Há que encontrar um reforço de substituição... e parece que já está definido. Ou não deste conta disso?
Sabes que te estimo muito. E sei que vice-versa. Por isso fiquei à vontade para abrir a carta que aí vês à tua frente. Com quem não existe em mim esse laço ser-me-ia impossível fazê-lo…
Divido esta reflexão em apenas quatro pontos:
1º - Compreendo a tua surpresa.
2º - Concordo com a tua preocupação.
3º - Eles têm razão e tu não.
4º - Tudo indica que vais ter ainda mais destas surpresas.

Vou ponto a ponto:
1º -
Estás mal habituada porque os editores privilegiam o vistoso (eufemismo meu). E por isso tens tudo uma auto-estrada à tua frente em direcção a todas as redacções. Auto-estrada que tem desembocado num mar de rosas de visibilidade crescente.
2º - A partir de agora não será tão simples. Talvez mesmo nada simples. As coisas mudaram. Não nas redacções: nos corredores do poder. E isso vai marcar o teu dia-a-dia a partir de agora. Sangue, suor e lágrimas – mas sem exageros: é o que vais encontrar na estrada que já foi auto.
3º - Mas sê realista e desanuvia, descomprime: eles não mudaram, têm todas as razões para mudar de protagonista. Tu é que pensavas que era por olhos bonitos que tudo acontecia. Mas não: era mesmo por razões deles – o vistoso dá publicidade, a publicidade dá leitores, ouvintes, espectadores… e era só por isso, por mais nada!
4º - E prepara-te: cada vez vai ser mais assim: difícil. Penso que nesta matéria os amanhãs vão cantar pouco para o teu lado. Parece que está encontrado outro jogador para o mesmo quadrante. Parece que esse reforço já está posicionado.

Com toda a amizade, compreensão e simpatia,
JCM.
(Caro leitor, para entender isto, tem de ir aqui, à origem deste post...)

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