Thursday, March 08, 2007

Porto, Janeiro de 1891, visto de Lisboa, Março de 2007



Histórias de outros tempos mas tão actuais como a água…

Mão amiga fez-me chegar agora mesmo uma citação interessante e quase oportuna. Por aqui e por outras destas coisas do século XIX percebo por vezes a amargura intrínseca e o pessimismo militante de pessoas como Vasco Pulido Valente, sempre a remoscaldar contra.
Pois bem. Veja o que escreveu Fialho de Almeida depois da derrota dos republicanos nas ruas do Porto em 31 de Janeiro de 1891: «Cobardes!»
Mas julga que ele se referia à Guarda Real? Não. Refere-se aos republicanos que desapareceram da rua quando a Guarda se preparava para carregar – o que nem precisou de fazer, dá ele a entender. E, em artigo do dia seguinte, 1 de Fevereiro, acrescenta que a turba republicana «cedeu hontem perante as ameaças de duzentos ou trezentos guardas, mal armados, mal dirigidos». «Não, isto não é povo, é lama plastica. Isto não é amor da patria, é balela ridicula.»

Vem isto muito a propósito do que já tinha escrito este princípio de tarde e que lhe deixo por aí abaixo…

Título
Coisas que correm mal mas nem dá para registar com muito ênfase
Pós-título
Lisboa está a arder e não damos conta

SOS! Estamos a arder em lume brando e não o sabemos. Há por aí notícias que o são e outras que ameaçam vir a tornar-se. Mas já ninguém está interessado no decurso das histórias da História destes dias sem história. Fui claro? É natural que não: também eu já estou meio turvo e meio pouco interessado.
Amigos até me dizem que o blog está a morrer de tédio. Eu acho que não: o blog está como a Cidade de Lisboa: a arder em lume brando e ninguém dá conta – e quem dá conta está-se nas tintas.
Carros em leasing são recolhidos de sopetão? O pessoal já deu para esse peditório. Há um processo em curso na Judiciária, que mete dinheiros da União Europeia e uma determinada estação de tratamento de águas residuais na Cidade, e alguém está a queimar as asas? Quero lá saber. O pessoal ‘tá-se nas tintas. Melhor: ‘Tá-se bem. Mas enchem-me a caixa do correio com isso e muitos me perguntam o que se passa, quando são eles com as suas perguntas que me informam. E só depois é que me lembro de anulações sucessivas do concurso em causa e de audições sistemáticas, nos últimos anos, mas sem qualquer coisa de palpável para se contar, pelo menos que eu saiba e pelo menos até agora.

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