Friday, March 16, 2007

Em Lisboa

Prendas tipo sabonete do Feira Nova (sem desprimor)

Quando foi anunciado o novo grafismo do «Público», vi que na lista de colaboradores anunciados para a nova era fora cortado o nome de Vítor Dias e o de António Vilarigues. Dois perigosos comunistas. O sr. Fernandes dá-se mal com isso. E aproveitou a mudança (que era para pior, viu-se logo em tudo, e o pior não é de certeza o grafismo nem a imagem – qualquer bom conteúdo ali caberia, evidentemente). Aproveitou para correr com eles, mas, cobardolas, manteve a boa onda do «Ah, e tal, vou pensar no seu caso. Sabe como é»…
O «Público», que continuo a comprar feito estúpido, está pior. Está intragável. E não falo da imagem, repito.
Mas as vendas estão a baixar a ritmo assustador para o sr. Fernandes. Que ainda há-de levar ao desemprego mais gente. Não fora aquilo uma arma da Sonae e já tinha acabado – mas há que tempos. Mas se o Sócrates continua a chatear o Belmiro, e a prometer e a não fazer o que promete (com Belmiro ele não brinca como tem brincado com os trabalhadores) e Belmiro chateia-se mesmo. Aí, adeus, «Público».
O jornal triplicou o prejuízo em 2006, diz o ‘DE’.
Em 2005-início de 2006, as vendas caíram muito, dizia o próprio «Público» há um ano.
Há um mês era registado pelo ‘JN’ que o ‘Público’ tinha caído outros 4% ao longo do ano de 2006.

Descontos e CDs

Qual não é o meu espanto esta semana: papelinhos distribuídos nos cruzamentos da cidade de Lisboa: “Ao apresentar este papel tem um desconto de 40 cêntimos na compra de um jornal «Público»”. Oh, diabo, a coisa está má – penso eu.
Mais: hoje, ao comprar o jornal, lá vinha o CDzinho da ordem. Já o «Expresso» distribuíra filmes quando se sentiu ameaçado pelo «Sol»…
A malta agradece. Mas esta malta não vê que se fizessem um jornal melhor poupavam nas ofertas?
Assim, o jornal «Público» coloca-se hoje ao nível de um sabonete do Feira Nova, não é? E repito: sem desprimor para o sabonete ou a cadeia de supermercados: esses estão no seu meio-ambiente com as ofertas. O jornal, não.

Comunista bom «é o comunista morto»?

Quando Vítor Dias foi boicotado – é o termo –, escreveu no seu novo blog, que saúdo vivamente, que este saneamento que José Manuel Fernandes fez deve agradar muito àqueles que pensam que «ser comunista deve constituir um «handicap» (e mesmo uma incompatibilidade) para a titularidade de colunas de opinião na imprensa, que sempre vêem o campo comunista como um desolador deserto de valores e para quem, salvo raríssimas excepções, um articulista comunista é sempre baço, cinzento, previsível e desinteressante, ou então que, outra vez raras excepções à parte, comunistas bons só os que o deixaram de ser ou já morreram.»

Champô?

Por mero acaso, acabo de dar com esta delícia, que vai no mesmo sentido do que eu penso. Está aqui, no site do Clube de Jornalistas. É de ontem e tem por título: «O "Público" e a estratégia do champô». Diz assim: «O "Público" está a distribuir folhetos de promoção que dão direito a um desconto de 40% na compra do jornal, como os vales do champô que se trocam na caixa. Ao mesmo tempo, anuncia uma edição de 30 CD com «o melhor de 50 anos da música portuguesa», dos quais os três primeiros são oferecidos. O recurso a esta estratégia um mês depois do lançamento do «novo» "Público" é sintomático. A concorrência também parece preocupada – "DN" e "JN" dão ópera aos compradores do jornal e o "Correio da Manhã", supreendentemente, está a distribuir uma colecção de CD com a chancela da Deutsche Grammophon. O "Expresso" volta a recorrer aos DVD para melhorar as estatísticas da circulação, com um esquema de cartões que só lhe vai complicar as contas. Será verdade que a tiragem caiu para os 100 mil exemplares? (JAG)».

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