Friday, October 06, 2006

A Câmara de Lisboa e a viagem de uma escola do Poço do Bispo para a Alta de lisboa

Recebi por mail esta informação que aqui lhe trago. «O Colégio que tomou o Espaço de uma Escola Pública....
E assim vai o Ensino Público em Portugal, já não basta as recorrentes despesas porque não pagar mais 400 Euros de mensalidade
No passado dia 11 de Julho, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) levou à Assembleia Municipal de Lisboa (AML) a Proposta nº 268/2006 a fim de ser aprovado um Protocolo a celebrar entre a CML e a Associação para a Educação, Cultura e Formação (APECEF).
Em 2001, a CML assinara já um protocolo de cooperação com essa Associação, que incluíu a cedência de um edifício em Braço de Prata, e no qual a APECEF se comprometeu a desenvolver um estabelecimento de formação com todos os níveis de ensino pré-universitário nessa zona carenciada da cidade e com uma população social e culturalmente frágil, o Poço do Bispo .
A Associação era então dirigida pelo ex-pároco de Santos-o-Velho e docente da Universidade Católica Portuguesa, o Padre João Seabra, e por Diogo Vaz Guedes, presidente da Somague.
Na actual Proposta nº 268/2006, a CML veio agora propor a permuta do referido espaço por outro localizado entre a Av. Maria Helena Vieira da Silva e a Rua da Boa Esperança, na Alta de Lisboa, junto à Quinta das Conchas.
Quanto à Associação, nem ela nem a CML apresentam qualquer referência curricular, não se lhe conhece qualquer intervenção na área da Educação ou Formação, não são apresentados conteúdos programáticos, não aparece citada nas listagens da DREL, nem se lhe conhece a sustentabilidade económica para o projecto, a não ser a sua ligação à Somague.
Ora, facilmente se depreende que esta nova localização na Alta de Lisboa será muito mais proveitosa para a APECEF que a depauperada zona do Poço de Bispo.
Ou seja, a Associação transitaria do prometido apoio a uma população social e culturalmente frágil para um local em franco crescimento e com outra capacidade económica, e onde a DREL já prevê um edifício escolar. Afinal, a preocupação da APECEF não será tão social e abnegada como de início pareceria.
Pelos motivos descritos os eleitos da CDU (PCP/PEV) votaram contra a referida proposta na AML.
(Esta proposta acabaria por ser aprovada na AML com os votos a favor de PSD, a abstenção de PS e CDS, e os votos contra de PCP, PEV, BE e um voto do PS).
Curiosamente (ou talvez não), na recente Assembleia de Freguesia do Lumiar (AFL) de 28 de Setembro, o CDS propõs um voto de louvor pela vinda dessa escola para a freguesia do Lumiar. A CDU fez uma crítica intervenção de síntese sobre o protocolo entre a CML e a APECEF, o que levou a que toda a oposição tivesse votado contra. (O louvor acabaria por ser aprovado na AFL com os votos favoráveis de PSD e do CDS)(....)
Afinal, a quem interessa a degradação do ensino público? Porquê mais uma escola privada? Onde está o direito e o acesso à escola pública e de qualidade para todos, direito consagrado na Constituição da República Portuguesa?
Sem Comentários!»

3 comments:

wednesday said...

Moro na Alta de Lisboa e soube desta situação porque alguém a publicitou pelos elevadores do prédio...
Ainda não tenho filhos, mas estou atenta à sociedade.
O que me parece é que o "protesto" de elevador é de facto um bocado diferente daquilo que li neste blog. Acho muito mais grave o facto de a escola inicialmente prevista para o Poço do Bispo ter migrado para a alta de Lisboa do que ter deixado de ser pública e passar a ser privada.
O "protesto de elevador" refere "onde vamos colocar os nossos filhos?" o que me leva a pensar porque compraram casa nesta zona...?!
Sinceramente compreendo os custos associados a um colégio e se fosse eu também colocaria os meus filhos numa escola pública, mas mais valia publicitar a situação real, bem mais precisa quem mora no Poço do Bispo.
Além disso para quem aqui mora parece-me que deverá ser dos que bem sabem que infelizmente cada vez mais os colégios absorvem professores de alta qualidade (não disse todos).
Se calhar pretende-se aqui um ajuste. Em detrimento de explicações (dados os centros de explicações que têm vindo a aparecer na zona e disso ninguém se queixa) porque não, afinal, optar por mais qualidade no ensino e deixar as crianças e adolescentes terem mais tempo para si próprios e saberem crescer, pensar por si próprios e passar mais tempo com os pais?...

Anonymous said...

Eu moro no Paço do Lumiar, junto ao Parque Europa, e há já alguns dias deparei-me com a situação já referida no anterior comentário de publicidade ao caso nos elevadores e em zonas comuns do condomínio prédio.
Duvido que quem colocou a publicidade seja morador do condomínio, mas ainda que seja, com que direito coloca publicidade de teor eminentemente político em zonas comuns do prédio? Já não chega consporcarem as rua da cidade com publicidade politica? Agora os iluminados autores deste blog querem entrar pela minha casa dentro? É que seja quem for que coloca a dita publicidade coloca-a repetidamente depois dos moradores a retirarem dos elevadores e afins...
Quanto ao tema em discussão, não podia estar mais de acordo com o anterior comentário. Se quer protestar proteste no Poço do Bispo. Mas será que ainda não perceberam que há cada vez menos alunos e cada vez mais os pais optam por educação privada, (onde a qualidade por existir uma responsabilização dos professores é muito maior), tendo isto que levar naturalmente a uma diminuição do numero de escolas públicas?
Estou certo que a maioria dos moradores da área circundante estão como eu satizfeitos, que vá surgir naquela zona um colégio privado, em vez de qq bairro social de alojamento suportado pelos nossos impostos ou mesmo um centro de reabilitação como é típico.

Peço-lhe um favor:
Publicite as suas ideias a quem está interessado em ouvi-las e deixe de sujar o condominio onde vivo.

Obrigado

Anonymous said...

Não percebo é o seguinte: se a APECEF - Associação para a Educação, Cultura e Formação, que é a quem foram cedidos os terrenos para a construção da escola e todos os demais direitos, é uma associação sem fins lucrativos, como vamos então ter um colégio privado, que supostamente é para dar dinheiro aos donos? Ou seja, trata-se de uma escola pública gerida por privados, de uma escola privada ou de uma escola "semi-pública" (ou, para o efeito, "semi-privada")? Isso está esclarecido? Era importante que estivesse, acho.