Monday, February 26, 2007

Lisboa quer a sugestão de Gaioso Ribeiro ou não?

Só o CDS aceita o repto

Eis um 'take da Lusa, de hoje ao fim da tarde:
«Lisboa, 26 Fev (Lusa) – A vereadora do CDS-PP na Câmara de
Lisboa apoiou hoje a proposta do socialista Gaioso Ribeiro de formar
uma lista de personalidades da oposição para eventuais eleições
intercalares, mas PCP e Bloco de Esquerda rejeitam a ideia.
Nuno Gaioso Ribeiro admitiu domingo a formação de uma lista de
personalidades de todas as forças políticas da oposição na câmara de
Lisboa para concorrer a eleições intercalares.
“Eu não excluiria, por princípio. Não quer dizer que o
subscreva por inteiro”, declarou Gaioso Ribeiro, referindo-se a “um
pacto de responsabilidade local em que se apresentasse uma lista
independente apoiada por partidos, mas não uma lista partidária, que
englobasse pessoas de diversas origens políticas”.
O vereador admitiu esta possibilidade numa entrevista,
difundida domingo, ao programa “Diga lá, Excelência”, da Rádio
Renascença, RTP e jornal Público.
Para a vereadora democrata-cristã Maria José Nogueira Pinto, a
concretizar-se, esta lista daria “uma grande lição de maturidade”.
“Como cidadã e como lisboeta acho uma coisa muito bem
engendrada e que os lisboetas iriam perceber”, disse à Lusa a autarca,
advertindo que “pode não ser muito realista porque a prática política
é muito rígida”.
Nogueira Pinto considera a proposta “uma ideia
interessantíssima, porque os partidos estão todos na retranca, já que,
na realidade, as eleições intercalares seriam muito ingratas”.
“Essa seria uma solução em que não existiriam vencedores, mas
uma coligação de esforços para Lisboa”, afirmou.
Para a vereadora, seria “a demonstração de que aquilo que se
iria fazer seria exactamente governar a cidade o melhor possível
durante dois anos”.
Os comunistas consideram, por outro lado, que “a proposta não
tem sentido, desde logo porque não há uma oposição, mas quatros forças
políticas”, disse à Lusa Carlos Chaparro, da Organização Regional de
Lisboa do PCP.
“Não podemos passar por cima da política defendida por cada
força”, argumentou.
Carlos Chaparro apontou que “o CDS-PP teve pelouros durante
cinco anos e dois meses e tem responsabilidades no que se vive na
Câmara, o PS apoiou grande parte dos orçamentos e planos de Santana
Lopes [PSD] e aprovou as questões que estão agora a ser investigadas”.
“E em relação ao Parque Mayer, o próprio Bloco de Esquerda
votou favoravelmente”, acrescentou o responsável comunista, referindo-
se ao voto favorável dos bloquistas na Assembleia Municipal, que na
altura não tinham nenhum vereador no executivo camarário.
O vereador eleito pelo Bloco de Esquerda, José Sá Fernandes,
recusou igualmente a ideia, classificando-a de irrealista.
“Acho que face ao quadro que temos não é uma proposta
realista”, disse à Lusa Sá Fernandes.
O vereador reitera que “tem de haver eleições, porque durante
dois anos há muito tempo para trabalhar pela cidade”.
Também o líder da concelhia do PS, Miguel Coelho, qualificou
domingo de “disparate” a proposta do vereador socialista Nuno Gaioso
Ribeiro.
“É um disparate. O PS não se alia aos partidos da direita em
Lisboa”, afirmou Miguel Coelho à Lusa, num comentário à proposta de
Nuno Gaioso, vereador da câmara lisboeta, a quem foi retirada a
confiança política da concelhia do PS depois de ter criticado
publicamente Manuel Maria Carrilho.
Para a constituição desta eventual lista, Gaioso Ribeiro
avançou nomes de “personalidades insuspeitas”, como o vereador
comunista Ruben de Carvalho, a vereadora do CDS-PP, Maria José
Nogueira Pinto, ou o vereador eleito pelo Bloco de Esquerda, José Sá
Fernandes.
Quanto ao cabeça-de-lista, considerou que “devia ser alguém
proposto pelo PS e que recolhesse o consenso dos outros partidos”.
Esta lista, que se candidataria a eleições intercalares, teria
a missão de, durante dois anos, “pôr sob uma redoma de protecção
institucional e política” a autarquia.
No final dos dois anos, quando se realizassem eleições
“normais”, cada força política apresentaria ao eleitorado o seu
próprio projecto.
Gaioso Ribeiro aponta como “problemas essenciais e sobre os
quais pode haver um entendimento” entre os vários partidos o
saneamento financeiro da autarquia (com uma dívida de mil milhões de
euros), a reestruturação das empresas municipais, a normalização dos
serviços urbanísticos e a revisão do Plano Director Municipal (PDM).
A Câmara de Lisboa passou o último mês envolvida em polémica e
mudou dois vereadores do PSD, Gabriela Seara e Fontão de Carvalho, que
foram constituídos arguidos nesses dois processos judiciais - o
primeiro relacionado com uma permuta de terrenos (caso Bragaparques) e
o segundo com o pagamento de prémios a administradores da EPUL.
As eleições intercalares são exigidas abertamente pelo Bloco
de Esquerda e admitidas pelo PCP e pelo PS, mas o PSD, partido que
apoia o presidente do município, Carmona Rodrigues, tem recusado esse
cenário.»

ACL/NS.
Lusa/

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