Friday, April 07, 2006

Manuel Falcão atira-se a Carmona Rodrigues

É no «Independente» de hoje. O pretexto é o ministro Mário Lino e a questão Túnel do Marquês / obras do Metro no Marquês. Mas isso, nota-se, é só o pretexto. Por alguma razão que desconheço, o que de facto leio por baixo do texto é uma grande vontade de Manuel Falcão de se atirar ao pescoço de Carmona Rodrigues. É nessa parte do texto que perpassa maior inspiração e maior prazer de escrita. Isso nota-se a olho nu.
É assim, referindo-se ao que acha ser a reacção frouxa de Carmona face a Mário Lino e à fraca resposta ao dilema de quem manda na Cidade:
«O peso político ganha-se a constrói-se, a autoridade conquista-se, a luta política não é uma dança de salão nem um grupo excursionista».
Vamos por partes.
O que Falcão está a dizer é que Carmona não tem peso político e que está na política sem autoridade e sem espirito de combate, como se se tratasse de uma dança de salão ou de uma excursão.
Ou seja: eu, Falcão, sim, sei estar, tenho autoridade etc., quem sabe fazer política são os meus amigos (não se sabe quais amigos, visto que na política, lá bem alto, só se lhe conhecia Santana que agora já não está bem na política e que - se tiver vergonha na cara -, se há pessoa que nunca mais quer ver à frente é Falcão, que o enterrou até mais não na fase final. Quando já toda a gente estava a bater no ceguinho, lá veio também Falcão juntar-se à matilha auto-fágica dessa direita troglodita da piotr espécie: a que não conhece nem os amigos... Falcão é desses).

Falar grosso
Mais uma citação em que Falcão achincalha hoje Carmona: perante a tal questão de se saber quem é que manda na Cidade, ele escreve forte e feio:
«Convém que haja alguém que fale grosso ao ministro». Dito de outro modo: Falcão afirma aqui preto no branco que acha que Carmona é um maricas, um banana, que não sabe impor-se a si e à Cidade para mostrar que é ele que manda em Lisboa. E fala, sem que eu perceba bem porquê, de um tal 'timing' de inaugurações que Carmona deixaria assim nas mãos de Mário Lino... Ele, Falcão, não está nada preocupado com a Cidade nem com o erro que foi o Túnel. Não. A preocupação dele é meramente mecânica: quem manda, quem se impõe, em que dia é a festa.
Tanta aleivosia!
E não há quem fale grosso a este falcãozinho de meia tigela?
Falcão, falcãozinho. Mordes a mão de quem te dá pão. Melhor: de quem te deu muito a ganhar e te levou pela escada do poder acima. Sim. Não esqueças que Carmona era o vice-presidente e menino bonito do Santana que te nomeou para a EGEAC. (Hoje, tudo é diferente, e tu bem o sabes e bem te serves disso nas tuas setas envenenadas...) (E eu dou comigo, assim, quase a defender um do outro... - Julgo que é o instinto básico da justeza das coisas.)

1 comment:

mf said...

DIREITO DE RESPOSTA
Não trabalho para o Estado, não quero trabalhar para o Estado, não precisei do Estado nem de poderes diversos para desenvolver projectos, fazer jornais e ser conhecido. Há 30 anos que não sou de nenhum partido, acho que os políticos são vigaristas crónicos. E gosto de pensar pela minha cabeça - e não por c onveniências nem compromissos. É isso que você, seu dependente, nunca compreenderá. A independência tem um raro sabor: o de se poder dizer o que se quer, quasndo se quer, o de se poder discordar. Pode ser pouco, mas para muitos é difícílimo de compreender. Gosto de continuar a ser assim. Não devo nada a ninguém, posso dizer o que sinto e acho. Não gosto de ter compromissos.
Manuel Falcão