Saturday, September 06, 2008

Jerónimo ao Expresso

A entrevista é longa e está toda aqui. Mas permitam-me que faça ressaltar o que segue.
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Seria possível um entendimento semelhante ao que aconteceu entre o BE e o PS na Câmara de Lisboa?
Hoje o BE está a sofrer as consequências de ter omitido uma condição fundamental. Não sei se o BE se Sá Fernandes, preocuparam-se mais com o lugar do que com o programa. E hoje a própria situação fala por si. Quando fomos abordados, preocupamo-nos, mais do que lugares, com o que essa governação iria realizar para os lisboetas. Obviamente não obtivemos resposta. E a solução ficou comprometida. Mas, não me cabe a mim estar a desancar no BE só porque cometeu, do meu ponto de vista, um erro de avaliação e de visão.
Quer dizer que à alternativa de esquerda é indispensável o PS?
Nunca dissemos que éramos alternativa sozinhos. O PCP é uma força incontornável pela sua influência política e social, pode e quer integrar uma alternativa de esquerda. Teria que contar com outras forças empenhadas numa política de esquerda e o PS e BE são parte integrante dessas forças. O problema de fundo é que a actual direcção do PS, a sua rendição à política de direita numa concepção neo-liberal, é o primeiro e grande obstáculo.
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"São muitos os que hoje encontram na raiz dos seus problemas a política realizada pelo PS e, nas eleições, isso deve ter reflexos"
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E para destruir esse obstáculo quer tirar a maioria ao PS?
Nós nem pensamos assim. É fundamental e incontornável o reforço do PCP.
Com uma percentagem eleitoral de 12%?
Não medimos pela tabela eleitoral. A força e a expressão do PCP estão muito para além da sua influência eleitoral. Os votos são importantes mas não são determinantes.
Não tem expectativas em relação a resultados?
Não fazemos o enfoque apenas no resultado eleitoral. O reforço da organização, o recrutamento no partido, a real influência social junto dos trabalhadores e das populações, são elementos inseparáveis, até mais determinantes do que um ou outro ponto percentual. Mas estamos claramente empenhados nas três próximas eleições.
Mas o mau resultado do PS não é um bom resultado para o PCP?
Há uma grande massa de votantes, designadamente no PS, descontentes com a política do Governo. Dirigimo-nos a esses votantes e até militantes do PS, não no sentido de virem para o PCP, mas de lutarem connosco em torno destas grandes batalhas, particularmente no plano social - defesa dos direitos dos trabalhadores, dos salários, do Serviço Nacional de Saúde, por uma educação democrática da escola pública. Mas se o PS perder a maioria absoluta, ou até se perder eleições, não deve culpar ninguém a não ser a si próprio. São muitos os que hoje encontram na raiz dos seus problemas a política realizada pelo PS e, nas eleições, isso deve ter reflexos.
É um ponto de honra ter mais votos que o BE?
Sinceramente não. Não temos problema nenhum que o BE cresça. Pensamos que o reforço do PCP é uma condição fundamental, mas não temos nenhum sentimento de concorrência em relação ao BE.
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