É uma besta a quem a direcão do 'DN' acarinha. O que não é tão surpreendente. Para ser acarinhado no 'DN' basta um passaporte com o carimbo de anticmunista. E este estúpido tem carimbos desses em cada página...
Leia e informe-se sobre este marmanjo com carta branca em duas páginas por semana-duas. Reza assim, o idiota:
ADRIANO NO IP4
Depois dos amáveis impropérios que recebi por chamar analfabetos aos "baladeiros" do Zip-Zip, confesso algum receio em falar de Adriano Correia de Oliveira, vulgo "o Adriano". Mas como não quero voltar as costas às fanfarras com que se assinalam os vinte e cinco anos da sua morte, arrisco partilhar uma experiência pessoal. Eu especializei-me intensivamente em Adriano há cerca de uma década, numa viagem de carro ao interior. O carro era de um amigo, à semelhança do leitor de cd e dos únicos cd disponíveis. Durante o percurso, devo ter ouvido umas sessenta cantigas do Adriano, quase todas em três ou quatro acordes, guitarra dedilhada e voz solene. Após meros dez minutos, eu já descia o vidro da janela em pleno inverno, esperando que o vento calasse a desgraça e, em vez disso, obtendo uma gripe. A meio do percurso, aí por alturas "Das camas de amor comprado / desata abraços de lodo / rostos corpos destroçados / lava-os com sal e iodo", só a cortesia me impediu de saltar em andamento. No final, visto que há sempre alguém que diz não, tomei duas decisões para a vida: a) não voltar a viajar à boleia; b) não voltar a ouvir o Adriano.O curioso é que, a julgar pelos textos comemorativos que agora proliferam, também não me parece que os seus próprios admiradores o ouçam com particular prazer. Em artigo no Público, o insuspeito Nuno Pacheco rotula a obra do Adriano de "demasiado simples" e recorda antigas críticas de "pobreza melódica" e "monotonia musical". Então, o Adriano é admirado porquê? Porque, consta, o Adriano era generoso, revolucionário, corajoso, incómodo, fraterno, frágil, antifascista, solidário e preocupado, um modelo de ética que "semeava amigos", que tinha "grande capacidade de comunicação com o público" e que durante a época do PREC e "de todas as utopias" percorria o país a "consolidar as liberdades" a expensas do PCP. Resumindo, o Adriano era um criador prodigioso porque lutou contra a malvada ditadura do Estado Novo e a favor de uma eventual ditadura comunista, naturalmente benigna. Num depoimento de 1982, Carlos Paredes juntava às virtudes acima o espírito de sacrifício, traduzido nos "milhares e milhares de quilómetros" percorridos pelo Adriano "em estradas com aspecto de autênticos carreiros." Ainda que Paredes, esse sim, fosse um talento musical raro, a afirmação não me impressiona: eu fiz "com" o Adriano um reles Porto-Bragança em rodovias modernaças e decerto não sofri menos.
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