Saturday, November 25, 2006

Lisboa
Em defesa de Carmona Rodrigues, acuso…

A Câmara de Lisboa vai de mal a pior. Não há semana que não tenha o seu escândalo. Carmona Rodrigues é que fica mal na foto. Mas não é só ele que tem a culpa do que se está a passar na CML. De facto, acho que os que estão por trás dos vários episódios é que têm boa parte da culpa. Acuso-os a todos.
Acuso antes de mais Marques Mendes. A sua reconhecida intromissão no caso da administração da SRU a Baixa foi fatal. Sei que foi um pretexto e que as causas são muito mais profundas. Mas é de aparências que se vive, parece. E parece que MM se intrometeu e que isso deu o resultado que deu: mais um escândalo na CML.
Acuso Sócrates e o seu Governo que se serviram e criaram um imbróglio do diabo com este loteamento da LisMarvila para dar alguma forçazita ao PS de Lisboa, que anda todo esfrangalhado. Tal como antes já se tinha servido do episódio Maria José Nogueira Pinto / fim da coligação para apagar o sururu do conflito Concelhia / Gaioso Ribeiro / Carrilho. Neste último episódio, aliás, não passou despercebida a ninguém na bancada da imprensa o especial aproximação pública de Maria de Belém a MJNP (e não o contrário) na tal Assembleia Municipal em que esta desafiava um Carmona Rodrigues a explicar-se, mas sem sucesso. Tal como não têm passado despercebidas aos observadores os repetidos elogios (há quem fale até de aproximação) do discurso de MJNP ao PS e em especial a Sócrates. Ao ponto de a própria, aos jornalistas, na sede do CDS do Caldas ter feito esta auto-observação: «Lá estou eu outra vez a elogiar a actuação do engº José Sócrates». É perfeitamente legítimo concluir que por aqui tem andado muita coisa, mas também mão de Sócrates, directamente ou por interposta mediação de alguém. Nada mais fácil de fazer, hoje…
Acuso Paula Teixeira da Cruz pelo muito que tem falado sobre a Câmara de Lisboa. Em mas entrevistas num mês do que a vi dar em toda a sua vida política que acompanho nos últimos nove anos. Sempre repetindo que não se quer meter. Mas sempre metendo-se. Dando agora em das semanas mais elogios a Carmona e ao PSD na CML do que antes alguma vez fez. Eu mesmo, neste blog, já por várias vezes referi o ensurdecedor silêncio dela e de Marques Mendes que, sobre a CML, moita-carrasco, nada, mesmo no meio de grandes escândalos (Parque Mayer, Túnel, Infante Santo, EPUL, assessores, SRU da Baixa, dívida gigantesca, serviços desactivados, entre outros casos).
Acuso Miguel Coelho, que quis apagar os seus próprios fogos no PS / Lisboa e no PS / CML à custa de excesso de falta de jeito de Carmona Rodrigues para essa forma de fazer política. Miguel Coelho ajudou à instabilização da CML por razões de proveito partidário. E ainda o acuso por falta de imparcialidade no caso ora candente do loteamento de Marvila, ao não imputar responsabilidades ao Governo, que as tem tanto ou mais do que a CML e por maioria de razão, já que devia ter agido por antecipação (a priori) e não por arrastamento (a posteriori). Se estivéssemos num país de formação e de estrutura judicial anglo-saxónica, tenho a certeza de que um juiz teria já agido contra o Governo na pessoa de Ana Paula Vitorino por incúria na defesa do interesse público.
Acuso Ana Paula Vitorino que, de propósito ou não, acabou por beneficiara Obriverca ao não produzir um simples despacho. Pecou pelo menos por omissão. Não há desculpa. APV é secretária de Estado dos Transportes e é do Secretariado Nacional do PS Mais responsável não podia ser. Mas agiu de forma irresponsável, acho eu. Objectivamente, mais pareceu estar a proteger a Obriverca. De uma coisa já ninguém a livra: é de que a gente pense isso…

1 comment:

Anonymous said...

É normal o comportamento das autoridades e responsáveis, ou irresponsáveis perante o impacto sistemático que se concluiu nas transacções das Obriverca, quer com camaras, quer com responsáveis camarários, quer por ocupação de terrenos em fase de aprovamento, quer ainda nos mais vastos bastidores das técnicas de subversão do sistema- e continua imparável