Até hoje, já foram gastos perto de três milhões a preparar terreno onde ia nascer equipamento cultural
A Câmara de Lisboa desistiu da megabiblioteca de 11 andares que prometeu para o Vale de Santo António em 2005, num investimento então calculado em 30 milhões de euros. Quer o vereador do Urbanismo quer o das Obras Municipais dão por adquirido este facto. Esqueceram-se foi de o anunciar à população. Os arquitectos encarregues do projecto, Manuel Aires Mateus e Alberto Souza Oliveira, também não foram informados de que o edifício que desenharam dificilmente verá a luz do dia.Mais do que uma simples biblioteca, o projecto visava criar nas proximidades da Avenida do General Roçadas, já não muito longe do Tejo, um grande pólo cultural, no qual pudesse ser também alojado o arquivo histórico municipal, com documentos desde o séc. XII, um centro de convenções, com dois auditórios, uma livraria, galerias de exposições e terraços com esplanadas e restaurantes. A ideia de criar uma biblioteca central vinha já de João Soares, mas foi Santana Lopes quem lançou a primeira pedra, numa cerimónia preparada para o efeito. O projecto não foi isento de críticas: mesmo no departamento camarário de Cultura houve quem o achasse megalómano. Mais tarde, responsáveis camarários haveriam de defender a sua redução. Mas afinal nem uma versão menor irá por diante. O vereador das Obras, Marcos Perestrello, invoca os elevados custos da obra, que devia ter ficado concluída no final de 2008, para justificar a desistência. Já o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, garante que será construído no local um edifício - mas não uma biblioteca. O PÚBLICO tentou ainda obter esclarecimentos sobre o assunto por parte da vereadora da Cultura, mas sem resultado. "Trata-se de um projecto fundamental para redimir do abandono esta zona da cidade", observa Aires Mateus. "Se o projecto é reformulável? Claro, mas nunca me pediram para o fazer". "É uma pena se o edifício não for construído", diz também Souza Oliveira. "Este edifício seria uma âncora, tal como a Casa da Música no Porto". Aires Mateus compara-o ao Centro Cultural de Belém. "Megalómano? Não, de todo. O arquivo foi calculado para os próximos 40 anos, como mandam as normas internacionais", frisa Souza Oliveira. Da obra prevista, a única coisa que arrancou foi a escavação e a contenção de terras. Entre isto e o projecto, a autarquia gastou perto de três milhões de euros.
Benfica continua à espera de Cesariny, Vale de Santo António em revisão
22.01.2009
A segunda maior freguesia de Lisboa, Benfica, continua à espera de ter uma biblioteca. Não é que os responsáveis camarários tenham pensado que Benfica não precisava de um equipamento cultural deste género. Em 2006, decidiram que seria criada num quartel de bombeiros desactivado existente na Estrada de Benfica a Biblioteca Mário Cesariny, assim designada para homenagear o escritor e pintor que havia morrido pouco tempo antes. E logo foi dito que no ano seguinte já os habitantes da freguesia poderiam utilizá-la. Só que até hoje nada disto aconteceu. Já depois do anúncio do novo equipamento cultural instalou-se no antigo quartel uma associação ligada aos serviços sociais do Regimento de Sapadores Bombeiros, cujos responsáveis garantiram que tinha sido um vereador do PSD, Moreira Marques, a prometer-lhes o espaço. No orçamento camarário de 2008 chegou a estar inscrita uma verba para a Biblioteca Mário Cesariny - mas a verdade é que ela nunca saiu do papel. Também sobre este caso o PÚBLICO pediu esclarecimentos à vereadora da Cultura, Rosalia Vargas, mas uma vez mais a autarca remeteu-se ao silêncio. Quanto à biblioteca central que a câmara prometera, ela integra um plano de urbanização mais vasto, o do Vale de Santo António (na imagem), neste momento nas mãos do arquitecto Manuel Fernandes de Sá, ao qual a câmara entregou também o plano de urbanização da Avenida da Liberdade. Segundo o vereador Manuel Salgado, os serviços camarários estão agora a rever o trabalho de Fernandes de Sá para o Vale de Santo António - uma área de 44 hectares para a qual está prevista maioritariamente habitação, mas também um campo de futebol - podendo as primeiras obras arrancar no ano que vem. Fernandes de Sá chegou a considerar a biblioteca "uma cara forte" do seu plano.
22.01.2009
A segunda maior freguesia de Lisboa, Benfica, continua à espera de ter uma biblioteca. Não é que os responsáveis camarários tenham pensado que Benfica não precisava de um equipamento cultural deste género. Em 2006, decidiram que seria criada num quartel de bombeiros desactivado existente na Estrada de Benfica a Biblioteca Mário Cesariny, assim designada para homenagear o escritor e pintor que havia morrido pouco tempo antes. E logo foi dito que no ano seguinte já os habitantes da freguesia poderiam utilizá-la. Só que até hoje nada disto aconteceu. Já depois do anúncio do novo equipamento cultural instalou-se no antigo quartel uma associação ligada aos serviços sociais do Regimento de Sapadores Bombeiros, cujos responsáveis garantiram que tinha sido um vereador do PSD, Moreira Marques, a prometer-lhes o espaço. No orçamento camarário de 2008 chegou a estar inscrita uma verba para a Biblioteca Mário Cesariny - mas a verdade é que ela nunca saiu do papel. Também sobre este caso o PÚBLICO pediu esclarecimentos à vereadora da Cultura, Rosalia Vargas, mas uma vez mais a autarca remeteu-se ao silêncio. Quanto à biblioteca central que a câmara prometera, ela integra um plano de urbanização mais vasto, o do Vale de Santo António (na imagem), neste momento nas mãos do arquitecto Manuel Fernandes de Sá, ao qual a câmara entregou também o plano de urbanização da Avenida da Liberdade. Segundo o vereador Manuel Salgado, os serviços camarários estão agora a rever o trabalho de Fernandes de Sá para o Vale de Santo António - uma área de 44 hectares para a qual está prevista maioritariamente habitação, mas também um campo de futebol - podendo as primeiras obras arrancar no ano que vem. Fernandes de Sá chegou a considerar a biblioteca "uma cara forte" do seu plano.
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