Nota do PCP: A chamada «Rede 7» mais não é do que um embuste do Governo do PS e da Administração da Carris
Carris quer dificultar ainda mais o transporte público na Cidade de Lisboa e zonas limítrofes
Autoridade Metropolitana de Transportes é urgente para refrear o ânimo economicista e a fúria redutora de serviços da parte da Administração da Carris, ansiosa que está de mostrar «bons resultados» financeiros, mesmo que à custa dos utentes.
Não havendo Autoridade Metropolitana de Transportes, a Carris entende que está completamente à vontade para implementar a sua política economicista, à revelia e mesmo contra a qualidade do serviço e contra o nível de satisfação do utente. Neste quadro, um novo plano de reduções, cortes e alterações de carreiras pomposamente designado pela Carris como «Rede 7» visa, simplesmente, lesar ainda mais os utentes e dificultar de forma exponencial a vida a quem depende do transporte público. A Carris pediu o parecer da Autarquia para as alterações que projectou, conforme a lei determina. E, embora tal parecer não seja vinculativo, espera-se que a transportadora não obtenha esse apoio da CML, mas antes que, todas as forças políticas denunciem fortemente esta pretensão da empresa como injustificada, inoportuna e não fundamentada.
Mudanças prejudicam a população de Lisboa e dos arredores
De facto, em síntese, o que está programado é algo muito gravoso para os utentes. Eis algumas situações mais evidentes:
1. Total de 36 alterações, com 2. supressão de 8 carreiras – tudo contra os interesses dos utentes, sobretudo dos que residem em zonas menos centrais, como a Ajuda e as zonas-limítrofes da Cidade, onde residem muitos milhares dos que trabalham em Lisboa, como são os casos de Algés, Damaia, Odivelas, e 3. mudanças de horários e/ou trajectos e terminais em outras 28 carreiras, sempre em prejuízo do utente e prestando pior serviço do que o actualmente existente, que já é muito deficiente e que tem sido largamente contestado pelos utentes prejudicados – como é conhecido no caso da Ajuda e de Alcântara, cujas populações muito têm reclamado publicamente, com larga cobertura dos «media». 4. Alterações negativas para os utentes em matéria de tarifas sub-urbanas. 5. Maiores dificuldades de mobilidade para quase toda a população a quem a Carris serve – quer à noite, quer aos fins-de-semana.
Tudo isto tem como consequência dificultar ainda mais a vida a todos os utentes e obrigar muitos milhares a gastar mais dinheiro, se o tiverem, e a recorrerem ao automóvel particular à noite e nos fins-de-semana. Na prática, além de prejudicar centenas de milhares de utentes, se fosse implementada, traria outra consequência negativa: seria um incentivo ao uso do carro particular, contrariando todos os princípios, furando todas as declarações públicas em defesa da mobilidade e do Ambiente – deixando cada vez mais claro para todos que a política do Governo nesta matéria não passa de palavras.
As razões são longínquas, mas os prejuízos para os utentes seriam imediatos
Ora nada disto tem qualquer fundamentação real. Efectivamente, a Carris declara como fundamentação básica para estas alterações o seguinte «cenário-base»: «sistema de transportes previsto para Lisboa, a que corresponderá a Linha Azul do Metropolitano de Lisboa prolongada a Santa Apolónia; Linha Vermelha prolongada num extremo até Campolide e no outro até ao Aeroporto; normalização do serviço fluvial nos terminais do Cais do Sodré e Terreiro do Paço; e reabertura do Túnel do Rossio». Tudo isto está tão longe! Tudo isto é futurologia. Dito de outro modo: esta justificação não colhe, é falsa e enganosa. Troca-se o mau pelo péssimo. Paga-se mais por menos serviço. Mas as consequências seriam para aplicar desde já, retirando umas carreiras e reduzindo o trajecto de outras:
1. A Carris reconhece que está a fazer estas mudanças muito antes de elas terem qualquer justificação. Ou seja: ao fundamentar a necessidade e oportunidade dessas alterações no facto de daqui por uns anos haver novas linhas de Metro, a empresa está a reconhecer que essas mesmas alterações não deviam de modo algum ser efectuadas agora, visto que ainda estamos a muito tempo de se encontrarem em funcionamento essas mesmas linhas de Metro, algumas das quais ainda nem sequer estão em fase de adjudicação – como é o caso, por exemplo, da programada futura linha de ligação a Campolide. Ou a futura Linha para o Aeroporto, ainda longe de ser realidade. O mesmo se diga do prolongamento da Linha Azul do Metro para Santa Apolónia: quando é que tal linha entrará em funcionamento? Nem o Metro pode dizê-lo, quanto mais a Carris… 2. E que dizer desta alusão à «normalização» do Túnel do Rossio? Para quando será isso? Não se sabe – mas não será para breve, garantidamente. 3. No entanto, é com base nestas futuras longínquas alterações das linhas do Metro e da CP (Túnel do Rossio) que a Carris quer fazer alterações lesivas do serviço público que presta aos lisboetas e visitantes da Cidade. 4. Mais grave: muitas das alterações que a empresa quer introduzir nem sequer aparecem fundamentadas. 5. Muitas destas alterações implicam ainda aumento de preços, na prática, visto que acarretam novas introduções de acumulação de «coroas», obrigando o cidadão utente a comprar passes mais caros (L1, por exemplo) para fazer a mesma viagem: é a chamada «tarifa sub-urbana». Exemplos mais significativos deste novo agravamento de preços (ainda há dias se verificou uma subida de preços) são as seguintes, entre outras: Moscavide, Damaia, Odivelas, Algés… 6. As pessoas sem o passe social ficam igualmente mais lesadas neste processo. 7. A Carris vem agora querer complicar ainda mais a vida às pessoas que no fim-de-semana ou à noite pretendam utilizar os seus serviços: na maior parte das carreiras, não há mais do que um a dois autocarros após as 21 horas nem ao fim-de-semana.
Por tudo isto, o PCP entende que a CML deve dar parecer negativo a este projecto, a que a Carris designa como «Rede 7», com base na falta de fundamentação ou fundamentação injustificada (referindo futuras Linhas de Metro que só estarão operacionais daqui a anos, mas introduzindo os cortes e reduções desde já: argumentação fraudulenta por parte da empresa).
O PCP defende desde há muito a instalação de uma verdadeira Autoridade Metropolitana de Transportes, que sirva de «Provedor» dos Utentes dos Transportes públicos, e apela às populações para que se mantenham firmes na defesa dos seus interesses e aos restantes partidos presentes na CML e na AML, e em especial à maioria PSD / CDS na CML para que se manifestem, denunciem e rejeitem liminarmente esta chamada «Rede 7».
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