Amigos privilegiaram-me com estas preciosidades.
E não me perguntem sequer o que é que isto tem a ver com Lisboa (nome do blog). Basta ver quem é que manda o inquérito (Padre Cardoso), de onde o manda (Lisboa) e ao serviço de quem (Marquês).
Eis então as perguntas do Terreiro do Paço e as respostas dos dois curas daquelas duas aldeias da Beira do século XVIII.
INTERROGATÓRIOS PARA A ORGANIZAÇÃO DO DICIONÁRIO GEOGRÁFICO
DO PADRE LUIS CARDOSO
1758
Venha tudo escrito em letra legível e sem breves
(Mandados pelo Governo de Marquês de Pombal aos párocos depois do
terramoto de 1755)
I
O que se procura saber dessa terra, é o
seguinte:
1 - Em que Província
fica, a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence?
Vale - Está na
Província da Beira, Bispado da Guarda, Comarca de Castelo Branco, freguesia de
São Tiago, Termo de Penamacor.
Casteleiro - Está na
província da Beira, Bispado da Guarda, Comarca de Castelo Branco, Freguesia do
Salvador, anexa de Santa Maria do Castelo da Vila de Sortelha e termo da mesma
Vila.
2 - Se é D’El Rey, ou
de donatário, e quem o é ao presente?
Vale - É D’El Rey
Casteleiro - É anexa
da igreja de Santa Maria da dita vila de Sortelha. Pertençe a El Rei.
3 - Quantos vizinhos
tem, e o número de pessoas?
Vale - Tem fogos
cento e doze, regular de confissão e comunhão duzentas e setenta e duas; só de
confissão setenta e quatro e crianças quarenta
Casteleiro - Tem
cento e cinquenta e dois fogos, pessoas de confissão e comunhão trezentas e
quarenta e oito; só de confissão setenta e quatro, crianças que ainda não se
confessam cento e três, pessoas ao todo quinhentas e vinte cinco.
4 - Se está situada
em campina, vale ou monte, e que povoações se descobrem dela, e quanto dista.
Vale - Está situada
em vale. Dela se vê para a parte do levante o lugar de Santo Estêvão, meia
légua de distância; e para o sul, o lugar da Benquerença, longe uma légua.
Casteleiro - Está
situada em Vale; dela se descobre para a parte do Nascente o lugar da Moita,
distância de meia légua; para a parte do Norte a Vila de Sortelha à distancia
de uma légua.
5 - Se tem Termo seu,
que lugares ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos vizinhos tem?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada
6 - Se a paróquia
está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a
freguesia, todos pelos seus nomes.
Vale - A paróquia
está dentro do Lugar; cá e mais nada.
Casteleiro - A
paróquia está feita no lugar e logo junto às casas, tem uma quinta que chamam
Cantargalo tem um morador; e tem outra que chamam do Espirito Santo, tem outro
morador.
7 - Qual é o seu
orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem
irmandades, quantas, e de que santos?
Vale - O orago desta
freguesia é São Tiago. A Igreja tem quatro altares. O altar mor em que está da
parte direita São Tiago e da esquerda Santo António e outro altar da parte
direita dedicado à Senhora do Rosário, e da mesma parte outro das Almas;
(...)Cristo cruxificado e da parte esquerda um dedicado ao Espírito Santo, tem
duas naves e Irmandades quatro. Uma das Almas, outra do Espírito Santo, outra
da Senhora da Póvoa, e outra de S. Sebastião.
Casteleiro - O orago
desta freguesia é o Salvador do Mundo, a igreja tem três altares dois da parte
do evangelho, um dedicado ao menino deus e outro a Santo António, e da parte da
epistola tem outros dois um dedicado a nossa senhora do rosário e outro às almas
do purgatório. Naves tem somente o arco da capela mor; e uma irmandade das
almas do purgatório; e outra de S. Pedro.
8 - Se o pároco é
cura, vigário ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que
renda tem?
Vale - O pároco é
cura apresentado pelo prior da Moita e da apresentação do padroado será o seu
rendimento duzentos mil réis para o prior e o cura é o que ajusta com o mesmo
prior. É o que manda opa (?) de altar.
Casteleiro - O pároco
é cura e apresentado pelo reverendo vigário da dita vila de Sortelha por ser
anexa da igreja matriz de Santa Maria da mesma vila a qual pertençe a El Rei.
Tem de rendimento vinte mil réis.
9 - Se tem
beneficiados, quantos, e que renda têm, e quem os apresenta?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
10 - Se tem
conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros.
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
11 - Se tem hospital,
quem o administra e que renda tem?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
12 - Se tem Casa de
Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver notável
em qualquer destas coisas?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
13 - Se tem algumas
ermidas, e de que santos, e se estão dentro ou fora do Lugar, e a quem
pertencem?
Vale - Tem duas
ermidas e uma Igreja caída que foi matriz, e uma capela de Nossa Senhora da
Póvoa, e tem mais a imagem de Santa Sabina, está fora do lugar meia légua; e
outra de S. Sebastião e tem mais a imagem de Santo Antão.
Casteleiro - Tem
quatro ermidas. Uma de S. Sebastião, esta está fora do lugar quase cem passos,
e outra do Divino Espírito Santo, esta está dentro do lugar, e outra de Santa
Ana, esta está fora do lugar à distância de meia légua, e outra de S. Francisco
que está fora do lugar quase trinta passos e nela está erecta a irmandade dos
terceiros, sujeita ao convento de Santo António da vila de Penamacor e todas
estam sujeitas à igreja matriz do dito lugar de Casteleiro.
14 - Se acode a elas
romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes?
Vale - Tem a Senhora
da Póvoa muita gente em romaria em todo o decurso do ano e o maior concurso é
na segunda e terça do Espírito Santo.
Casteleiro - À ermida
de Santa Ana costumam os moradores do mesmo povo fazer romagem em dois dias do
ano: um em dia de Santa Cruz, a três de Maio, e outro no terceiro dia das
ladainhas do dito mês de Maio, e nesta data e em todas as mais acima nomeadas
se costuma dizer missa.
15 - Quais são os
frutos da terra, que os moradores recolhem em maior abundância?
Vale - Os frutos que
nesta terra se colhem mais é azeite, centeio e trigo, e linho e vinho; o mais é
centeio e azeite.
Casteleiro - Os
frutos que nesta terra se colhem em maior abundância são centeio vinho e azeite
castanha e linho, mas esta maior abundância apenas...a terras fortes.
16 - Se tem Juiz
ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra
terra, e qual é esta?
Vale - Está sujeita
ao Juiz de Fora de Penamacor; e tem dois juizes idóneos.
Casteleiro - Está
sujeita aos juízes ordinários da vila de Sortelha e nela está este ano servindo
um juíz ordinário por se costumar fazer um da vila e outro da terra....vereador
e todos os anos tem dois juízes, oficiais da câmara da dita vila.
17 - Se é couto,
cabeça de concelho, honra, ou behetria?
Vale - Nada.
Casteleiro - Nada.
18 - Se há memória de
que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por virtudes, letras
ou armas?
Vale - Nada.
Casteleiro - Nada por
ser gente muito rústica e não se lembrarem de memória alguma.
19 - Se tem feira, e
em que dias, e quantos dura, se é franca ou cativa?
Vale - Nada.
Casteleiro - Nada.
20 - Se tem correio,
e em que dias da semana chega, e parte; e se o não tem, de que correio se
serve, e quanto dista a terra aonde ele chega?
Vale - Depende do Correio
de Penamacor, que dista duas léguas.
Casteleiro - Não tem
correio, serve-se do correio de Penamacor que dista daqui três léguas.
21 - Quanto dista da
cidade capital do Bispado, e quanto de Lisboa, capital do Reino?
Vale - Dista da
cidade da Guarda capital deste Bispado seis léguas, e de Lisboa quarenta e
duas.
Casteleiro - Dista da
cidade da Guarda, capital deste bispado, seis léguas e de Lisboa capital do
Reino dista quarenta e três.
22 - Se tem alguns
privilégios, antiguidades, ou outras coisas dignas de memória?
Vale - Nada.
Casteleiro - Nada.
23 - Se há na terra
ou perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas têm alguma
especial qualidade?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
24 - Se for porto de
mar, descreva-se o sítio que tem por arte ou por natureza, as embarcações que o
frequentam e que pode admitir?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
25 - Se a terra for
murada, diga-se a qualidade de seus muros; se for praça de armas, descreva-se a
sua fortificação.
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
26 - Se padeceu
alguma ruína no terramoto de 1755, e em que, e se está a ser reparada?
Vale - Nada padece da
ruína do terramoto do ano de 1755.
Casteleiro - Não
padeceu ruína alguma no terramoto de 1755.
27 - E tudo o mais,
que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.
Vale - Nada.
Casteleiro - …
O que se procura saber dessa Serra é o
seguinte:
28 - Como se chama?
Vale - Tem duas uma chamada
do Pa ao poente outra ao nascente chamada o Abrunhal
Casteleiro - O Lugar
do Casteleiro está fundado num vale como acima se declara, em cujo limite se
acham uma chamada a Serra d’Opa e outra a Serra da Preza.
29 - Quantas léguas
tem de comprimento e quantas tem de largura?
Vale - A Serra do Pa
terá meia légua de comprimento e um quarto de largura, o Abrunhal terá de largo
e comprido meio quarto de légua.
Casteleiro - Esta
chamada Serra d’Opa tem de comprimento quase duas léguas e de largura meia
légua. Principia no limite do lugar da Moita no sítio da Cabeça Gorda e acaba
num sítio que chamam Sam Dinis no limite do lugar chamado Benquerença, distante
deste povo duas léguas. E a Serra chamada Serra da Preza terá de comprimento
uma légua e de largura quase o mesmo. Principia no limite deste lugar e acaba
no limite do lugar chamado Escarigo, distante deste lugar légua e meia. Correm
ambas estas serras de norte a sul.
30 - Os nomes dos
principais braços dela?
Vale - Os braços da
Serra um para a parte do norte chamado o Paraíso, outro para poente chamado os
Fiéis de Deus; a do Abrunhal, a breda dos marcos e o outro a Morgada.
Casteleiro - Nada
31 - Que rios nascem
dentro do seu sítio, e algumas propriedades mais notáveis deles; as partes para
onde correm e aonde fenecem.
Vale - Da Serra do Pa
não sai rio nem do Abrunhal.
Casteleiro - Da serra
chamada d’Opa nasce um pequeno ribeiro e a este chamam o Ribeiro de Val de
Casteloins e logo se mete numa ribeira que corre ao pé do povo e este ribeiro
da serra d’Opa corre de nascente para o poente. Da serra chamada da Preza nasce
outro pequeno ribeiro que passa ao pé da Quinta do Espírito Santo e corre
também para a mesma ribeira. E este ribeiro se mete nela onde chamam o sítio
Guaralhais e aquele no sítio chamado Tinte e estes ambos correm do poente para
o nascente e tudo está no limite deste lugar.
32 - Que vilas e
lugares estão assim na Serra, como ao longo dela?
Vale - Na Serra do Pa
à parte do nascente junto ao sopé da serra está Val de Lobo à parte do
nascente; e do poente está o Casteleiro e ao norte o lugar da Mouta.
Casteleiro - Nada
33 - Se há no seu
distrito algumas fontes de propriedades raras?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada
34 - Se há na Serra
minas de metais, ou canteiras de pedras, ou de outros materiais de estimação?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada
35 - De que plantas
ou ervas medicinais é a serra povoada, e se se cultiva em algumas partes, e de
que géneros de frutos é mais abundante?
Vale - Toda a cultura
de uma e outra parte dá searas de centeio e trigo, e tem hortas com mais
frutos.
Casteleiro - A serra
chamada d’Opa se cultiva com searas de centeio, de um e outro lado a meia
ladeira e a serra chamada de Preza se cultiva com searas também de centeio em
todo o ano e em todos os lados dela, e o mais nada.
36 - Se há na Serra
alguns mosteiros, igrejas de romagem, ou imagens milagrosas.
Vale - Está no fundo
da Serra do Pa a capela da Senhora da Póvoa, igreja de muita romagem e imagem
muito milagrosa.
Casteleiro - Quase no
meio da serra chama d’Opa está a Ermida da Sancta Anna, acima já declarada, e
somente os moradores do mesmo povo costumam ir lá em romagem algumas vezes.
37 - A qualidade do
seu temperamento?
Vale - O temperamento
é quente e saudável.
Casteleiro - O
temperamento destas duas serras acima declaradas é frio mas saudável.
38 - Se há nela
criações de gados, ou de outros animais ou caça?
Vale - Cria gado
grosso e miúdo e caça miúda e montês
Casteleiro - Criam-se
nestas duas serras gado miúdo e caça de coelhos e perdizes.
39 - Se tem alguma
lagoa ou fojos notáveis?
Vale - Tem no
princípio para a parte do norte volto ao nascente um lameiro por nome Ameal que
tem cinco ou seis fontes que nunca secaram e da água se regam muitas fazendas.
Casteleiro - Nesta
serra chamada Preza, acha-se em todo o meio os alicerces de uma grande preza
que ali houve antigamente, donde a serra tomou o nome de Serra da Preza. E a
água desta preza, se conta, a queriam em tempo antigo levar por canos onde
chamam a Torre dos Namorados, distante dela quatro ou cinco léguas. E nesta
mesma serra, de uma cruz que chamam da Relva Velha, para a parte do lugar
chamado Escarigo, tem a Mitra duas partes em todos os frutos e a Comenda uma.
40 - E tudo o mais
que houver digno de memória?
Vale - Nada.
Casteleiro - E da mesma
cruz, para a parte do mesmo lugar do Castelleiro, tem a Comenda duas partes e a
Mitra uma, em todos os frutos.
III
O que se procura saber do rio dessa
terra é o seguinte:
41 - Como se chama,
assim o rio, como o sítio onde nasce?
Vale - Corre junto do
mesmo lugar uma ribeira que nasce na Serra do Mosteiro, no Sítio da Mina,
limite de Santo Estêvão, até ao lugar da Benquerença.
Casteleiro - Ao pé
deste lugar do Castelleiro corre uma ribeira sem outro nome mais que o nome da
ribeira, esta principia a nascer ao pé da serra chamada do Mosteiro, ao pé de
uma quinta chamada Alagoas, freguesia de Sancto António da Orgueira, termo da
vila de Sortelha. E nela também se mete outro ribeiro pequeno que chamam o
Ribeiro do Poio, o qual principia a nascer num sítio chamado Corredoura no
limite da dita vila de Sortelha, e este se vem meter nela no sítio das
Alvercas, limite deste lugar.
42 - Se nasce logo
caudaloso, e se corre todo o ano?
Vale - No seu
nascente corre todo o ano, no mais seca.
Casteleiro - Esta
ribeira corre quase todo o ano, ou ao menos até ao fim de Julho, e sempre nela
se conservam alguns poços de água. Este ribeiro chamado do Poio no princípio
corre algo tanto arrebatado, porém em se metendo na tal ribeira entra a correr
com ele quieto.
43 - Que outros rios
entram nele, e em que sítio?
Vale - Nada
Casteleiro - Neste
somente se metem três pequenos ribeiros, chamados um o Ribeiro de Val de
Castelloins, e outro de Cantellegalo, e outro do Espírito Sancto, este se mete
nela no sítio chamado Guaralhais, aqueles no sítio chamado Tinte.
44 - Se é navegável e
de que embarcações é capaz?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada.
45 - Se é de curso
arrebatado, ou quieto, em toda a sua distância, ou em alguma parte dela?
Vale - Corre quieto
Casteleiro - A
ribeira em si corre quieta mas os tais ribeiros que nela se metem correm algo
tanto arrebatados.
46 - Se corre de
norte a sul, se de sul a norte, se de poente a nascente, se de nascente a
poente?
Vale - Corre de norte
a sul
Casteleiro - Esta tal
ribeira onde principia, corre das partes do nascente e coisa de um quarto de
légua no sítio chamado Alvercas limite do mesmo lugar dá uma meia volta e corre
de norte a sul.
47 - Se cria peixes,
e de que espécie são os que traz em maior abundância?
Vale - Cria alguns
peixes pequenos
Casteleiro - Nada
48 - Se há nele
pescarias, e em que tempo do ano?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada
49 - Se as pescarias
são livres, ou de algum senhor particular, em todo o rio, ou em alguma parte
dele?
Vale - É livre
Casteleiro - Nada
50 - Se se cultivam
as suas margens, e se tem muito arvoredo de fruto, ou silvestre?
Vale - As duas
margens de centeio, e trigo e tem ao redor oliveiras e carvalhos.
Casteleiro - As suas
margens se costumam cultivar para centeio, as árvores que há ao pé dela são
algumas oliveiras e alguns amieiros, porém estes não dão frutos. Também ao pé
do lugar em alguns chãos que estão junto dela se costuma semear linho de
secadal.
51 - Se tem alguma
virtude particular as suas águas?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada
52 - Se conserva
sempre o mesmo nome, ou o começa a ter diferente em algumas partes, e como se
chamam estas, ou se há memória de que em outro tempo tivessem outro nome?
Vale - O nome é
Ribeira de Vale de Lobo e contorna o mesmo.
Casteleiro - Enquanto
corre no limite deste lugar não tem outro nome mais que de ribeira, mas fora do
limite toma o nome de Ribeira do Anacer.
53 - Se morre no mar,
ou em outro rio, e como se chama este, e o sítio em que entra nele?
Vale - Entra na
Meimoa e esta no Rio Zêzere.
Casteleiro - Morre na
ribeira chamada Meimoa entre o lugar Benquerença e o lugar Escarigo.
54 - Se tem alguma
cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem ser navegável?
Vale - Nada
Casteleiro - Nada
55 - Se tem pontes de
cantaria, ou de pau, quantas, e em que sítio?
Vale - Tem uma ponte
de pau na passagem para a Meimoa.
Casteleiro - Tem esta
ribeira duas pontes de pao, uma no sítio chamado Alaia dos Ramos e outra no
sítio chamado as Relvas da Ponte.
56 - Se tem moinhos,
lagares de azeite, pisões, noras, ou outro algum engenho?
Vale - Tem esta
ribeira de onde principia até à Benquerença quatro lagares de azeite e quatro
moinhos.
Casteleiro - Tem
dentro do limite desta freguesia esta ribeira sete moinhos e três lagares de
azeite, dois pizoins e algum dia teve também um tinte, porém hoje se acha
demolido.
57 - Se em algum
tempo, ou no presente, se tirou ouro das suas areias.
Vale - Nada
Casteleiro - Nada
58 - Se os povos usam
livremente das suas águas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão?
Vale - São livres as
águas para os moradores.
Casteleiro - Gozam os
povos livremente das suas águas.
59 - Quantas léguas
tem o rio, e as povoações por onde passa, desde o seu nascimento até onde
acaba?
Vale - Tem desde o
seu nascente até à Ribeira da Benquerença duas léguas.
Casteleiro - Tem de
comprimento donde principia até aonde se mete na Ribeira Meimoa duas léguas e
não passa senão ao pé deste lugar de Castelleyro.
60 - E qualquer outra
coisa notável que não vá neste interrogatório?
Vale - Nada
Casteleiro - Quando a
folha cai para a parte desta ribeira que chamam a folha de Guaralhais de um
sítio que chamam as Portellas para baixo, tem a mitra duas partes e a Comenda
uma, e das Portellas para cima terá a Comenda duas partes e a Mitra uma, em
todos os frutos.
Val de Lobo, 26 de
Abril de 1758
Manuel Martins de Olival
Cura do dito lugar
(Transcrição: Américo Valente)
Castelleiro, 25 de
Abril de 1758
Manuel Pires Leal
Cura deste dito lugar
(Transcrição: António Marques)
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